segunda-feira, 31 de maio de 2010

Graça

Ricardo Gondim
Ainda há pouco, ao reler o admirável Sermão do Monte, percebi como a graça esteve presente nos princípios expostos por Jesus. Mesmo reconhecendo que a graça foi exaustivamente estudada e definida pela teologia, é preciso redescobri-la nos lábios do Nazareno. Os favores imerecidos de Deus não podem ficar circunscritos às codificações teológicas. Naquele relvado, na encosta de um morro qualquer, Cristo falou de assuntos diversos, mas não se esqueceu de explicitar que Deus se relaciona com seus filhos diferente de todas as divindades conhecidas. Após séculos de argumentação sobre os significados da graça, os cristãos precisam despertar para ao fato de que ela é o chão da espiritualidade cristã.

Um neopaganismo levedou a fé de tal forma que muitos transformaram a oração em uma simples fórmula para canalizar e receber os favores divinos. Para obter resposta às petições, implora-se, pena-se, insiste-se, no aguardo de que Deus escute. Quando não se recebe, justifica-se assumindo culpas irreais, como falta de disciplina. Acha-se que é necessário continuar implorando para Deus se sensibilizar. Mede-se a espiritualidade pelo número de respostas aos seus pedidos e, quando malsucedidos, castiga-se por não merecer. A própria linguagem denuncia romeiros católicos evangélicos, que lotam os espaços religiosos: é preciso “alcançar uma graça”.

Graça liberta do imperativo de dar certo. O Sermão da Montanha começa felicitando pobres em espírito, chorosos, mansos e perseguidos. Os triunfantes não podem se gloriar de serem mais privilegiados do que os malogrados. Graça revela um Deus teimosamente insistindo em permanecer do lado de quem não conseguiu triunfar; até porque a companhia de Deus não significa automática reversão das adversidades.

Graça permite o autoexame, a análise das motivações mais secretas da alma, sem medo. Na série de afirmações sobre ódio, adultério, divórcio e vingança, Cristo deixou claro que ninguém pode se vangloriar quando desce às profundezas do coração. No nível das intenções, todos são carentes. O olhar sutil indica adultério. O ódio despistado revela homicidas em potencial. A vingança disfarçada contamina as ações superficiais. Lá onde brotam as fontes das decisões, tudo é confuso; vícios e virtudes se confundem. Somente com a certeza de que não haverá rejeição é possível confrontar os intentos do coração para ser íntegro.

Graça convida a amar. Jesus afirmou que Deus “faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos”. Para revelar sua bondade, Deus não precisou ser convencido a querer bem. Deus não faz acepção de pessoas; o seu amor não está condicionado a méritos. Quando as pessoas são inspiradas por gratidão, reconhecimento e admiração por tão grande amor, se sentem impulsionadas a imitá-lo. Deus surpreende por dispensar bondade sem contrapartida de virtude. Assim, na improbabilidade de os seres humanos se mostrarem graciosos, os discípulos devem almejar a única virtude que pode torná-los perfeitos como Deus -- o amor.

Graça é convicção de que o acesso a Deus não depende de competência. Quem acredita que será aceito pelo tom de voz piedoso ou pela insistência em repetir preces nega a paternidade divina. Antes de pedirmos qualquer coisa, Deus já estava voltado para nós. Os exercícios espirituais não precisam ser dominados como uma técnica, mas desenvolvidos como uma intimidade. O secreto do quarto fechado representa um convite à solitude, à tranquilidade que não acontece com sofreguidão.

Graça libera energia espiritual que pode ser dirigida ao próximo. Buscar o reino de Deus e sua justiça só é possível porque não é preciso preocupar-se com o que comer e vestir e por jamais ter de bater na porta do sagrado para conquistar benefícios particulares. Basta atentar para os lírios do campo e pardais para perceber que as ambições devem escapar à mesquinhez de passar a vida administrando o dia-a-dia.

Graça devolve leveza para que os filhos de Deus sintam-se à vontade em sua presença, como meninos na casa dos avós. Graça libera as pessoas para se tornarem amigas de Deus, em vez de vê-lo como um adestrador inclemente. Graça não permite delírios narcisistas. Nenhuma soberba se sustenta diante da percepção de que Deus aposta na humanidade e ainda se convida a cear entre amigos.

Graça distensiona o culto porque avisa: tudo o que precisava acontecer para reconciliar a humanidade com Deus foi concluído: “Consumatum est”. Portanto, enquanto a graça não for redescoberta de fato como a mais preciosa verdade da fé, as pessoas podem até afirmar que foram livres, mas continuarão presas à lógica religiosa das compensações. Devedores, jamais entenderão que o reino de Deus é alegria. A graça liquida com pendências legais. Não restam alegações a serem lançadas em rosto -- “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus?”.

A religiosidade legalista insiste que é perigoso falar excessivamente sobre a graça. Anteparos seriam então necessários para proteger as pessoas da liberdade que a graça gera. Mas o amor que tudo crê, tudo espera e tudo suporta não aceita outro tipo de relacionamento senão abrindo espaço para que haja amadurecimento. Deus ama assim, e o Sermão da Montanha não deixa dúvidas de que todo discurso sobre o reino de Deus deve começar com graça.

“Soli Deo Gloria”.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Três Cronicas

Desespero"Vida cristã, para ser cristã, deve compreender o reflexo do próximo no espelho da sua existência e na nascente da sua espiritualidade."Alguém poderia dizer, com irrepreensível propriedade, ter condições de apresentar antídotos, diante dos períodos de desespero? De certo, descrever e definir condições no que toca a enfrentar tal situação se torna explicável. Evidentemente, para quem não experimenta esse estado de vácuo, de insignificância e destruição. Em tais períodos, sejamos sinceros e sérios, tudo parece que será pulverizado. A fé cristã, a confiança na vida e nas pessoas, o abrigo na comunhão espiritual, à liberdade e o perdão protagonizado por Cristo.Tudo adentra em convulsões. O chão se transforma em precipícios. O próximo passa a ser uma testemunha de culpa e condenação e buscar um esconderijo passa a ser a melhor alternativa. Embora estejamos na apoteose de um evangelho acima das vicissitudes, das inclemências, das torpezas e perdas da vida, quer queiramos ou não, na realidade concreta, identificamos, exatamente, o oposto.Por mais que muitos ecos possam dizer não, as turbulências são partes da vida. Então, o que faço ou posso fazer? Ouso ciente das minhas superficialíssimas condições, adotar o primeiro mandamento, a declaração de Deus é Deus, mesmo diante da mais espinhosa das dúvidas e dos malogros.Quem sabe, não precisamos da incidência do Deus-ser humano ‘’Jesus Cristo’’ a fim de resgatar o sentido, o destino e o motivo de uma espiritualidade revolucionária e uma coragem de ser.A miséria que mais dóiAtrevi-me a intitular essa contida e superficialíssima intenção de, quem sabe, chegar a algum lugar, ‘’a miséria que mais dói’’. De maneira graciosa, extraí essa frase, do escritor Moçambicano Mia Couto, da obra Vozes anoitecidas. Sem nenhuma delonga, contempla-nos com a seguinte observação, aliás, fruto de uma verdade inquebrável:‘’confrontados com a ausência de tudo, os homens abstêm-se do sonho, desarmando do desejo de serem outros’’.Parto dessas afirmações e convido-lhes a andarmos pelos cômodos de uma realidade divorciada de uma percepção e concepção acurada da transcendência. Muito embora tenhamos a nossa disposição uma profusão de discursos voltados ao místico, divino, sobrenatural e ecumênico. No entanto, arrisco pontuar, observo uma ausência, nunca dantes vista na história da humanidade, de uma perspectiva do transcendente que leve o ser humano a uma esperança genuína, a uma fé solidária, fraterna e dialética. Em poucas palavras, parece que aceitamos as regras do jogo de um sistema de afortunados e infortunados. Neste ínterim, tenho visto um evangelho desarmado no que toca a enfrentar um estado de escassez espiritual, de nos tornar mais gente, mais alma, mais sangue, mais liberdade... Tudo vem inclinado a uma relação de ‘’resolver os meus problemas’’ e só.Vou além, em meio a uma cultura que faz do ser humano um espetáculo de consumo descartável; quiçá não seja também a nossa postura diante da Graça de Cristo? Por enquanto, paro por aqui e deixo, a cada um de vocês, a importância em ponderar nas palavras de Eclesiastes 04. 01.Um mundo sem curiosidade‘’Com Deus existindo, tudo dá esperança; sempre um milagre é possível, o mundo se resolve. (...) Tendo Deus, é menos grave se descuidar um pouquinho, pois no fim tudo dá certo.’’As palavras decantadas pelo narrador-protagonista, o velho jagunço Riobaldo, de Grande Sertão, veredas, de Guimarães Rosa, nos levam a compreendermos, com maior elucidação, a biografia do povo brasileiro. Aliás, indo as páginas constituidoras dessa obra, monumental e antológica, torna-se categórico e contundente uma versão do milagre pautado num processo de proximidade, de intimidade e transparência à existência humana. Faz-se notar, estabelece uma relação de confiança desenvergonhada, diante de Deus. Não por menos, ao escarafuncharmos o personagem Riobaldo, considero a urgência de bebermos da sua porção de, efetiva e retumbantemente, trilharmos por uma espiritualidade sem os pesos de provar e provar. Digo isso, em decorrência de vivenciarmos uma panorâmica social submetida ao secularismo ‘’pragmático, utilitário e individualista’’ e isto tem desencadeado uma geração aflita e atemorizada.Afinal de contas, num mundo de reconhecidos e rejeitados, a segunda opção pode ser catastrófica, vexatória e aviltante. Muito embora haja, no limiar do Séc. XXI, uma pluralidade de vertentes de milagres e de uma visão do divino mais parecida com um mundo perdido na sua ânsia desenfreada pelo progresso. Lá no fundo, necessitamos, prioritariamente, de uma fé, de um milagre, de uma espiritualidade que ande afinada com utopias possíveis e com uma humanidade que não trate pessoas, segundo uma classificação de espécies úteis e descartáveis, de redefinir a proposta de os sonhos nos tornarem mais próximos e libertos em benefício da vida e de uma dimensão do sagrado não desumanizador.
Robson Santos Sarmento

Quão grande amor... quão grande mágoa

Não sei explicar por que é bem mais fácil perdoar um inimigo, que um amigo. Não sei explicar por que a ferida aberta por um amigo é mais funda, do que qualquer golpe dado por quem nos odeia? Por que nos momentos mais desesperadores da vida, alimentamos um turbilhão de sentimentos ruins sobre Deus, que jamais imaginaríamos ser capazes? O numero de pessoas que passaram a odiar Deus na caminhada cristã é gritante. Gente que apostou todas as suas fichas Nele, e se arrebentou por alguma razão que ainda não se explica. A frustração é sempre equivalente a expectativa. Ou seja, a dor será sempre proporcional ao valor que damos a tal pessoa ou situação. Quão profundo é o "amor"... quão profunda será a "mágoa".Existem alguns cuidados que devemos ter pra diminuir os efeitos da lei da equivalência, com relação a pessoas e ao Senhor. Com as pessoas:1) Tenha sempre em mente que você e o resto do mundo são falhos.2) Se as pessoas conseguiram odiar Jesus depois de tudo de bom que Ele fez... pode existir uma pocibilidadezinha ou não, sabe Deus, de ferirmos ou sermos feridos...3) Não espere e nem exija nada de ninguém, agindo assim, o que vier é lucro. E se vier alguma coisa desagradável, a surpresa será menos avassaladora. 4) Antecipe-se, esteja pronto pra dar uma chance de defesa pra quem falhou. Lembre-se, amanhã pode ser sua vez.5) Fuja do cinismo. Tenha paciência com os outros como gostaria que tivessem contigo.Com Deus:1) Nós somos maliciosos, Deus não. Isso significa que Deus não joga sujo NUNCA!!2) Deus sabe de tudo. Talvez seja por isso que Ele não responda certas orações na hora e no modo que exigimos.3) Procure ser honesto consigo mesmo e faça um auto exame sobre todos os aspectos. Assuma toda a sua parte no processo.4) Faça uma retrospectiva sobre os bons momentos e veja se Deus saiu juntinho de você na foto, ou se O deixou de lado na boa fase.5) Por que não muda Deus de lugar e passe a odiar o diabo com toda essa força? Você já odiou o diabo com toda essa força?6) Enxergue a dor da frustração como uma enfermidade que precisa ser tratada com urgência.7) Lembre-se que pode estar maltratando justamente o Médico que está tratando de suas chagas.8) Deus é bom e o diabo não presta. É assim que tem que enxergar as coisas.9) Faça as pazes com Ele do seu jeitão. Ele te ama.10) Ele não mente, nunca disse que seria moleza e que não haveria perdas. Por isso, verifique se não está lendo e entendendo Sua Palavra de uma forma equivocada.
Pr. César Ferreira

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Série: Meu escritor favorito - C. S. Lewis - Guerra nos Céus


Cartas do Diabo a seu Aprendiz apresenta uma troca ficcional de correspondências entre um tentador sênior, Screwtape, e seu protegido, Wormwood. Nesta carta, Screwtape tenta esclarecer a grande rixa entre o Inimigo (Deus), e o “Pai” de todos os tentadores, Satã. O QUE ele pretende fazer dos homens? Eis a grande questão. Imagino que não faça mal algum dizer-lhe que havia sido essa a causa principal da rixa do Nosso Pai com o Inimigo. Quando a criação do homem foi cogitada pela primeira vez e quando, já naquele estágio, o Inimigo confessou livremente que ele previa um certo episódio sobre uma cruz, Nosso Pai, com toda a naturalidade, marcou uma entrevista, solicitando-lhe explicações. O Inimigo não deu resposta; apenas contou o conto da carochinha sobre o amor desinteressado que ele estaria pondo em circulação desde então. É claro que isso era inadmissível para o Nosso Pai. Satã implorou que o Inimigo colocasse as suas cartas na mesa e lhe deu todas as oportunidades para tanto. Ele admitiu que se sentia realmente ansioso para conhecer o segredo, e o Inimigo respondeu: “Eu queria, de todo o coração, que você fizesse isso mesmo”. Acho que foi nesse ponto da entrevista que o desgosto de nosso pai, diante de tamanha desconfiança gratuita, fez com que ele se afastasse a uma distância infinita da presença e de forma tão repentina que acabou provocando o surgimento daquela história ridícula do Inimigo, de que Nosso Pai foi expulso do céu a força. Desde então, começamos a perceber por que nosso Opressor estava tão cheio de segredos. O seu trono depende desse segredo. Membros da sua facção já admitiram que, se algum dia compreendermos o que ele quer dizer por amor, a guerra acabará e nós estaremos convidados a entrar novamente nos céus. E é aí que se encontra a grande tarefa. Sabemos que Deus não sabe amar de verdade; ninguém sabe. Isso não faz sentido. Se ao menos fôssemos capazes de descobrir o que ele está realmente tramando!

C. S. Lewis – de The Screwtape Letters [Cartas do Diabo a seu Aprendiz]

Série: Meu escritor favorito - C. S. Lewis - Muito mais do que mera bondade


HÁ BONDADE no amor; mas amor e bondade não são sinônimos; e quando a bondade (no sentido de que estávamos falando) é separada dos demais elementos do amor, ela envolve certa indiferença em relação ao objeto da sua benevolência, ou até mesmo certo conformismo em relação a ele. A bondade consente de forma bastante rápida com a remoção do seu objeto – todos nós já encontramos pessoas cuja bondade em relação aos animais as leva a matá-los para evitar que sofram. A bondade pura e simples não se importa se seu objeto vem a ser bom ou mau, contanto que ele escape do sofrimento. De acordo com as Escrituras, são os bastardos que são mimados; os filhos legítimos, que têm a incumbência de levar adiante a tradição da família, acabam sendo disciplinados (Hb 12.8). É para as pessoas com as quais não nos importamos nem um pouco que pedimos felicidade incondicional. Porém, quando se trata dos nossos amigos, cônjuges, namorados e filhos, somos exigentes e preferimos vê-los sofrendo do que vivendo uma felicidade conformada e alienante. Se Deus é amor, ele é, por definição, algo mais do que simples bondade. E parece, a julgar pelos registros, que apesar de Deus ter nos repreendido e condenado tantas vezes, ele jamais se referiu a nós com desprezo. Ele nos recompensou com a extravagante benevolência de seu amor por nós, no sentido mais profundo, mais trágico, mais inexorável.
C. S. Lewis – de The Problem of Pain [O Problema do Sofrimento]

Série: Meu escritor favorito - C. S. Lewis - Até que foi divertido


O QUE ENTENDEMOS hoje por bondade de Deus é quase que exclusivamente sua capacidade de amar; e nisto podemos até estar certos. A maioria de nós entende, nesse contexto, amor como bondade – um desejo de ver os outros felizes, e não apenas nós; felizes não por isso ou aquilo, mas simplesmente felizes. O que nos satisfaria realmente seria um Deus que dissesse, sobre qualquer coisa que nos acontecesse: “O que me importa desde que eles fiquem satisfeitos?”. O que desejamos, de fato, não é bem um pai no céu, mas um avô no céu – uma benevolência senil que, como eles dizem, “gosta de ver os jovens se divertindo”, e para quem o plano para o universo fosse simplesmente dizer ao fim de cada dia: “Tudo isso foi divertido para todos nós”. Admito que, não são muitas as pessoas, que formulariam uma teologia em termos tão precisos; mas uma concepção não muito diferente desta se oculta no inconsciente de várias mentes. Não pretendo ser uma exceção. Gostaria muito de viver num universo governado por princípios como esse. Porém, como está mais do que claro que não vivo, e já que tenho razões para acreditar que Deus é amor, apesar disso tudo, concluo que a minha concepção de amor necessita de correção.

C. S. Lewis – de The Problem of Pain [O Problema do Sofrimento]

Série: Meu escritor favorito - C. S Lewis - Uma Teologia Prazerosa


UMA razão por que muitas pessoas acham a teoria da evolução tão atraente é que ela nos proporciona o grande consolo emocional de acreditar em um Deus sem termos de assumir nenhuma consequência. Quando você se sente disposto e o sol brilha, e você não quer acreditar
que o universo todo não passa de uma mera dança mecânica de átomos, é bom ser capaz de pensar nessa grande força misteriosa como uma onda gigantesca que se move através dos séculos, carregando você em sua crista. Se, por outro lado, você estiver propenso a fazer algo vergonhoso, a Força Vital, que não passa de uma energia cega, amoral e desprovida de mente, jamais [grifo nosso] irá interferir em sua vida da mesma forma como faz aquele Deus terrível, do qual ouvimos falar na infância. A Força Vital é uma espécie de Deus domesticado. Podemos acioná-la quando bem entendemos, desde que ela não interfira em nossas vidas.
Podemos, assim, usufruir de todas as emoções da religião, sem nenhum custo. Seria essa Força Vital a maior expressão de falsa esperança que o mundo já viu?

C. S. Lewis – de Mere Christianity [Cristianismo Puro e Simples]

Série: Meu escritor favorito. C. S. Lewis - Um caramujo erudito.


DE ONDE vem essa predisposição das pessoas de achar que Deus pode ser tudo, menos o Deus concreto, vivo, desejoso e atuante da teologia cristã? Acho que a razão é a seguinte. Vamos imaginar um caramujo totalmente erudito, um verdadeiro guru entre os caramujos, que (em uma visão arrebatadora) consegue ver, ainda que de relance, o que é um ser humano. Na tentativa de transmitir suas visões aos seus discípulos, os quais já têm seus próprios conceitos sobre o assunto (ainda que menos informados do que ele), ele terá de usar muitas negações. Terá de lhes dizer que nenhum ser humano vive em uma concha; que não vive como um molusco, grudado em uma pedra; que não vive rodeado de água etc.
E os discípulos que tiverem alguma visão, certamente, acabarão captando a ideia do que seja o ser humano. O problema é que chegam então os caramujos intelectuais, eruditos, que escrevem histórias da filosofia e dão palestras sobre religiões comparadas, mas que nunca tiveram visão por si mesmos. Tudo o que eles conseguem extrair das palavras proféticas do caramujo são apenas os aspectos negativos, tudo isso sem o corretivo de um olhar positivo. Eles constroem, assim, uma imagem do homem como se fosse uma espécie de gelatina amorfa (ela não possui concha), que não existe em um lugar específico (muito menos grudada em alguma pedra), e que jamais se alimenta (não há ondas fazendo o alimento chegar até ela). E, fiéis à sua reverência tradicional pelo homem, eles concluem que ser uma gelatina subnutrida, que vive num vácuo sem dimensões, seja o modo supremo de existência. Assim, rotulam como grotesca, materialista e supersticiosa e rejeitam toda doutrina que atribua ao homem uma forma, uma estrutura e um sistema orgânico definidos.

C. S Lewis -de Miracles [Milagres]

sexta-feira, 21 de maio de 2010

A Lógica de Deus

De maneira básica, popular, e com a ajuda do Aurélio, podemos definir lógica como: "a coerência de raciocínio, de idéias".Biblicamente podemos afirmar que a lógica de Deus é inversamente proporcional à do homem. Ela é matemática e filosoficamente louca, mas, espiritual e divinamente sábia.Vejamos:Os gigantes do mundo são como Golias: grandes, fortes, soberbos, orgulhosos; confiam na própria força, no poder das armas, naquilo que é aparente.Os gigantes de Deus são como o pequeno Davi: totalmente dependentes, reconhecem a própria fraqueza e confiam exclusivamente no Senhor.Os gigantes do mundo firmam-se sobre os próprios pés. Os gigantes de Deus firmam-se sobre os joelhos, pois é de joelhos que o gigante de Deus é grande.Na lógica divina os fracos é que são fortes (2 Cor 12:9-10). Na lógica humana isso é irracional. O mundo não aprecia os fracos, estes devem ser eliminados, somente o mais forte prevalece.A lógica divina diz àquele que quer ser grande entre os seus irmãos: torne-se o menor de todos e sirva aos demais. A lógica humana abomina esta idéia, aquele que quer ser grande deve se impor, mostrar sua força, sua habilidade.A lógica humana ensina a autopromoção. Deus diz: quem quer ser exaltado deve se humilhar, pois o que a si mesmo se exalta será humilhado.Na lógica humana os conquistadores do mundo são os bravos, os guerreiros, os que impõem pela força a própria vontade. Na lógica de Deus os mansos são os que herdarão a terra.Na lógica humana vence o maior exército. Deus costuma diminuir o exército, como fez com Gideão, antes que este alcance a vitória sobre o exército inimigo.A lógica humana busca por meio dos prazeres, lícitos ou ilícitos, encontrar a felicidade. Faz o que for preciso para eliminar a tristeza e o choro. Deus na sua lógica diz: "Felizes os que choram, pois, eles serão consolados" (Mt 5:4).Ame os que te amam; valorize quem te dá valor; alguém te fez mal? vingue-se, afinal, “a vingança é um prato que se come frio”. Esta é a lógica humana. Deus em sua lógica ensina: ame os seus inimigos, perdoe aqueles que te ofenderam, ore pelos que te perseguem.A lógica humana diz: quanto mais se tem, melhor. Deus ensina: é melhor repartir do que receber.Contrário à lógica humana Deus afirma que os últimos serão os primeiros; que ele não veio chamar justos, mas, pecadores; que não é o que entra no homem que contamina, mas o que sai, pois do coração provém toda imundície e maldade existente.Assim, a sabedoria de Deus é vista pelo homem como louca, ela é humanamente ilógica. Por isso Deus a escondeu dos sábios e entendidos e revelou aos pequeninos, aos incultos, aos João-ninguém do mundo. Ele escolheu as coisas que não são para confundir as que são.Os gregos, senhores da lógica, buscavam conhecimento. Os judeus, senhores dos oráculos, buscavam sinais. Diante deles se manifesta àquele que detém todos os tesouros da sabedoria. Ele se revela em glória aos pequeninos.Os sábios e poderosos não o reconhecem, e rejeitam o Senhor da lógica, expulsando-o do mundo, para continuar na inútil busca por conhecimento e sinais.Por isso, somente os que se deleitam na loucura divina entendem porque "naquela mesma hora exultou Jesus no Espírito Santo, e disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos; sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado?" (Lc 10:21)
Jair Souza Leal

A Paz que habita no justo


O justo sempre é o primeiro a sofrer e até mesmo a morrer por que ele não permanece o mesmo ele esta em constante transformação e isso no mundo no qual habitamos é uma anomalia uma deformação, um vírus letal (se não a cura de um vírus letal).Por isso os homens, o pecado e até mesmo o diabo nos persegue, pois ele (o justo) muda a realidade maligna ao seu redor e isso incomoda muito o dono desse mundo.Porem o justo é o único que nas adversidades, lutas e até mesmo nas guerras têm paz e uma paz incompreensível, uma paz que supera a lógica.Paz não é acomodação e sim posicionamento; Sabe por que a paz do justo não é normal... É por que ela não esta fundada na terra e sim no céu, ela vem de Deus o Senhor da paz.Paz é dependência de Deus, é entregar tudo nas mãos d´Ele, é amá-lo com todo coração.E é por isso que o justo sofre por ele pode agüentar, pois a paz de Deus o capacita e se no sofrimento ele morrer ele morre em paz, pois a vida dele esta nas mãos de Deus.Por isso não se entristeça ou desanime se você sofrer mais do que o ímpio, pois o diabo não desiste de nós, pois se você sofre ou é perseguido isso só mostra que você esta no caminho certo, busque a paz que só Jesus dá e lute, permaneça, pois o sofrimento daqueles que buscam a paz eterna de Deus acaba e dá lugar ao descanso.Continue colocando sua vida nas mãos de Deus e desfrute do seu poderoso amor.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O Fariseu e a Tentação


Lendo o capitulo 23 de Mateus, me deparei diante das palavras de Jesus, aos fariseus e me coloquei entre eles.Sim daqueles que duvidavam do Messias, daqueles que o procurava à noite, e indagava quando curava aos sábados e não compreendia como o Filho de Deus comia com publicanos e pecadores.Realmente acho que me enquadro neste perfil de sepulcro caiado, fazendo isso e omitindo aquilo. Creio que foi dificil para Jesus, quando via os Templos cheios de podridão e pecados, cheios de arrogância e orgulho, sem falar do egosimo e das falsa santidade daqueles, creio que ele tinha vontade de acabar e desmascarar toda hipocrisia religiosa da época. Mas Ele sempre esteve disposto a perder para ganhar, morrer para viver.Não satisfeito com a verdade que batia na minha porta e na minha cara, fui ao texto da Tentação de Jesus e me transportei para o deserto da Palestina e encontrei um Deus “sentando em cima de suas mãos”. Você pode ser igual a Deus? Perguntou a serpente no Éden. Você pode ser verdadeiramente humano? Perguntou o tentador no deserto. Jesus não alimentaria uma multidão alguns pães? Ele não ressuscitaria e venceria a morte?É satanás tentou Jesus na parte boa do ser humano sem ser mal. Comer um Big Mac, sem ter que ir ao Mac Donalds. Pular de Bang Jump sem corda, e continuar respirando depois de toda adrenalina. Ter fama e poder, sem precisar participara do Big Brother ou concorrer as eleições mundiais e ainda ganhar um Nobel da Paz..(sem fazer nada). Usar uma coroa, mas não uma cruz. A tentação que Jesus resistiu, nós, seus discípulos ainda a desejamos. Jesus venceu as tentações, não fazendo aquilo que poderia ter feito com um estalo de dedos.Constantemente oro, pedindo uma reação mais energética de Deus em relação a nós seres humanos e nossas escolhas, porquê a guerra, os atentados, a fome, as mortes em Angra dos Reis a injustiça e a desigualdade social. Quero uma posição mais ativa em relação a minha história. Quero respostas rápidas e espetaculares para minhas petições. Onde está a minha esposa? Porque estou frustrado na igreja? Porque minha conta ta no vermelho, e ainda não tenho uma casa, um carro e o meu primeiro milhão?Porque o Senhor não acaba com o sofrimento de meus parentes e amigos? Porque tenho que indagar das atitudes daquilo que chamam de igreja, porque ultimamamente só palavras de exortações?Paro, e reconheço que estou desafiando a Deus e o tentando exatamente como o diabo o fez no deserto. E Ele resiste a estas como aquelas, pois Ele conhece um caminho mais lento e gentil e prefere segui-lo, a trilhar pelo atalho que eu sugiro. Quanto mais o conheço, mais impressionado fico com suas atitudes de DEUS.Ele não precisa de nenhuma demonstração pirotécnica, para me mostrar que é DEUS. Apesar de que o poder possa forçar a obediência, apenas o amor pode provocar a reação do amor, amar a Ele não pelo que faz, mas pelo que É!Este é o motivo porque ainda respiro. A verdade é que quando me deparo com a tentação, em vez de fazer como Jesus, sentar em cima das minhas mãos eu corro e a abraço demostranto como sou fariseu, tudo para satisfazer o meu maldito ego e realizar as minhas ambições e desejo. Quando sinto essas tentações, surgir dentro de mim, volto à historia de Jesus.A resistência de Jesus contra as tentações de satanás, perseveraram para mim a própria liberdade que exercito quando enfrento minhas tentações. Oro pela mesma confiança e paciência que Jesus demonstrou. E me alegro porque como disse a carta aos hebreus: “Não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, porém um como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado...”. Porque naquilo que Ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados. E como fariseu arrependido me alegro na misericórdia de Deus que se renova a cada dia e por ela ainda não virei pó a antes da morte.

O MELHOR CONSELHO DE UM PAI


Um jovem recém casado estava sentado num sofá num dia quente e úmido, bebericando chá gelado durante uma visita à casa do seu pai. Enquanto conversavam sobre a vida, o casamento, as responsabilidades, as obrigações e deveres da pessoa adulta, o pai remexia pensativamente os cubos de gelo no seu copo, quando lançou um olhar claro e sóbrio para seu filho, e disse: Nunca se esqueça de seus amigos! - aconselhou Serão mais importantes na medida em que você envelhecer. Independentemente do quanto você ame sua família, os filhos que porventura venham a ter, você sempre precisará de amigos. Lembre-se de, ocasionalmente, ir a lugares com eles; divirta-se na companhia deles; telefone de vez em quando...Que estranho conselho - pensou o jovem. Acabo de ingressar no mundo dos casados. Sou adulto. Com certeza minha esposa e minha família serão tudo o que necessito para dar sentido à minha vida! Contudo, ele seguiu o conselho de seu pai. Manteve contato com seus amigos e sempre procurava fazer novas amizades.À medida em que os anos se passavam, ele foi compreendendo que seu pai sabia do que falava.À medida em que o tempo e a natureza realizavam suas mudanças e mistérios sobre o homem, os amigos sempre foram baluartes em sua vida.Passados mais de 50 anos, eis o que o jovem aprendeu:O Tempo passa. A vida acontece. A distância separa...As crianças crescem. Os empregos vão e vêem. O amor se transforma em afeto.As pessoas não fazem o que deveriam fazer.O coração para sem avisar.Os pais morrem.Os colegas esquecem os favores.As carreiras terminam. Mas os verdadeiros amigos estão lá, não importa quanto tempo nem quantos quilômetros tenham afastado vocês.Um AMIGO nunca está mais distante do que o alcance de uma necessidade, torcendo por você, intervindo em seu favor e esperando você de braços abertos, abençoando sua vida!Quando iniciamos esta aventura chamada VIDA, não sabemos das incríveis alegrias e tristezas que experimentaremos à frente, nem temos boa noção do quanto precisamos uns dos outros...Mas, ao chegarmos ao fim da vida, já sabemos muito bem o quanto cada um foi importante para nós!Muito obrigado mesmo por vocês existirem em minha caminhada na Face do Globo!!!


Enviado por Willian

terça-feira, 18 de maio de 2010

Uma conta que não se aprende nas escolas

F.T. Que conta é essa? Dá pra contar logo que conta é essa, que não se aprende nas escolas? Posso contar? Posso contar com a atenção de vocês para que eu possa contar esta conta? TEXTO : Salmo 90 : 12 - Oração de Moisés. · Salmo 90 - Revela o contraste entre a TEMPORALIDADE DO HOMEM X ETERNIDADE DE DEUS;· A MORTALIDADE DO HOMEM é guardada dentro da IMORTALIDADE DE DEUS, visto que DEUS é a habitação do homem por todas as gerações;· At. 17: 28 - Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como algum dos vossos poetas( Epimênedes ou Cleantes) têm dito: porque dele também somos geração. · COM OS MESTRES DA MATEMÁTICA aprendemos as contas de SOMAR , SUBTRAIR, MULTIPLICAR E DIVIDIR ( 04 OPERAÇÕES BÁSICAS); COM O MESTRE DA VIDA, O MESTRE DOS MESTRES aprendemos a CONTAR DIAS. VV.12 - "Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio"; · JESUS é um mestre de excelência Ele disse - " Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para a vossa alma. Mt. 11:29; · O que fazer para aprender esta conta? 1- Pegar o material didático e começar a usá-lo. Que material é este? Lápis, caneta, papel, calculadora? Não! O material é "joelho no chão" e oração, convidando o "professor" para iniciar a "aula"; outro material didático imprescindível é o LIVRO DOS LIVROS - BÍBLIA - Meditar nela DIA E NOITE...então farás prosperar o teu caminho e serás bem sucedido. ( Jos. 1:9 ); 2 - Conhecer as contas que o Mestre faz: - Ele não leva em CONTA o tempo da nossa ignorância- AT. 17:30 - " Ora, não levou Deus em CONTA os tempos da ignorância: agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se ARREPENDAM. - Deus CONTA com você. EZ. 33: 11- Dize-lhes: tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, não tenho prazer na morte do perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho e viva... II Pe. 3:9b ... "Não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento. Na contabilidade de Deus você é o número que não pode faltar, o "Balanço" só fecha com sua presença. Você não é um ZERO a esquerda, na matemática de DEUS você é ÍMPAR, ou seja, você é fundamental, é imprescindível para o fechamento da CONTA. Deus conta com você: 1- Para sonhar os seus sonhos;2- Para você olhar para a vida com os olhos dele;3- Para te fazer mais do que vencedor e ser um cooperador dele aqui na terra... 3- AGORA RESTA SABER SE VOCÊ CONTA COM DEUS, ELE TEM TIDO VEZ E VOZ EM SEU VIVER? - Em seus projetos? Deus tem sido o número UM na sua "matemática de vida? - Quer ser uma pessoa de sucesso na vida conte com Deus em tudo o que você vier a fazer ( Quer comais, quer bebais... ) - Que bom é aprendermos a fazer CONTA com aquele que não podemos deixar de CONTAR. Contar com Ele é fundamental para se obter uma vida vitoriosa. · A contabilidade das escolas não faz o coração do homem ser sábio, mas a contabilidade de Deus sim - " Ensina-nos a CONTAR os nossos dias, para que alcancemos CORAÇÃO SÁBIO: · Um coração sábio:- Ganha almas para Jesus - "Aquele que ganha almas sábio é.- TEME A DEUS - O temor do Senhor é o princípio da sabedoria;- Não erra na CONTA - Não erra o alvo - " Errais por não conhecer as escrituras nem o poder de Deus";- É uma pessoa de CARÁTER - Não vive fazendo de CONTA - é uma pessoa sensata que constrói a sua casa na Rocha;- O coração sábio é aquele com quem Deus CONTA e que com Ele faz CONTA - ORA e diz pode CONTAR comigo nesta batalha da hora final.É aquele que não passa pela vida batido, abatido e nem batendo, mas combatendo o bom combate como fez o apóstolo Paulo que encerrou a carreira combatendo o bom combate e guardou a fé.- O coração sábio vive um dia de cada vez, tendo sempre em mente a expressão - Ebenézer até aqui nos ajudou o Senhor!
Jarbas

Igreja: desprezar, reformar ou revolucinar?

Alguns estudiosos e pesquisadores da igreja evangélica, em nível mundial, tem falado sobre a necessidade de uma nova reforma na igreja. A igreja evangélica cresceu em número, mas não em influência. Seu crescimento se deu ás custas do marketing e estratégias empresariais. A teologia da prosperidade descaracterizou a essência da mensagem e da razão de ser da igreja. Estariamos necessitando de outra reforma? Ou revolução?O que a reforma protestante fez?Resgatou a doutrina da justificação pela fé, talvez a principal doutrina do cristianismo, obscurecida sob o manto papal. Além disso pouco ou quase nada. Apesar de ser um excelente avanço na área teológica e doutrinária, os moldes, a estrutura e a separação entre clero e laicato, foram mantidas. A beleza e riqueza doutrinaria do sacerdócio de todos os crentes foi obscurecido. Até hoje, a igreja evangélica em nível mundial não conseguiu mudar estes paradigmas criados pelo catolicismo: missa/culto – padre/pastor – capela/templo.O que a reforma protestante não fez?Não resgatou a simplicidade da igreja mantendo a divisão entre clero e laicato e o formato institucional. Hoje, este formato piorou com a igreja midiática, ou eletrônica. O modelo de hoje, com um pregador falando e uma pequena multidão passiva ouvindo, se mantém e não passa de uma cópia mal melhorada das missas romanas. A Igreja em Células, Grupos Familiares ou Pequenos Grupos tentam resgatar um pouco do que o cristianismo de Atos dos Apóstolos vivia mas ainda centraliza demasiadamente o controle na mão de alguns “profissionais” da religião, com seus programas de crescimento mirabolantes, a grande maioria impregnado de estratégias humanas de marketing.O que a igreja na TV faz?Anuncia a mensagem, mas embrulhado de forma atraente ao perfil das pessoas de nossa época: clientelistas e imediatistas. Atingem locais inimagináveis como hotéis de luxo, motéis, bocas do tráfico, bares , choperias, etc. Porém há muita concorrência por audiência. Isso leva os produtores a se adequarem cada vez mais as exigências do “mercado evangélico” (tenho repulsa a esta expressão) fazendo concessões e misturando valores genuinamente cristãos com a mentalidade materialista de nossa época.O que a igreja na TV não faz?Não proporciona pastoreamento personalizado, comunhão cristã, nem ensina compromisso no Corpo de Cristo. Propõe ser um pronto socorro, mas não passa de um paliativo. Se assistem apenas os cultos na TV não crescem espiritualmente devido a passividade. Caso se dirijam a mesma igreja da TV em sua cidade, percebem que é bem diferente da TV e mesmo assim segue o mesmo esquema de “pronto socorro espiritual” sem proporcionar pastoreamento adequado e comunhão cristã.Onde está a verdade?Já tomou ônibus errado? A gente olha a plaqueta ou o número da linha, identifica como certo, entra, senta, e depois de algum tempo, não reconhecendo o trajeto. Pergunta pelo destino ao cobrador e então descobrimos nosso equivoco. Descemos rapidamente, retornamos ao ponto de partida e esperamos pacientemente pelo ônibus certo. Perdemos tempo e dinheiro, e as vezes até nosso compromisso ou nosso destino! E se estivermos enganados com respeito a igreja? Uma igreja errada poderá nos levar a um destino errado. Já pensou? Como saber então se “peguei o ônibus certo’? Para saber se estou de fato inserido naquilo que Jesus chamou de igreja preciso conhecer A ORIGEM, O PROPÓSITO E A MISSÃO da igreja, e me sentir parte dela.OrigemEngana-se que diz que a igreja nasceu no pentecostes. Primeiramente por que o termo “igreja” (ekklesia) já existia nos evangelhos e porque na chamada dos discípulos Jesus formou sua igreja. Ela foi cheia do Espírito no Pentecoste, mas já existia com os doze, cresceu para 120 e então foi batizada com o Espírito Santo. O modelo oroginal portanto não é o de Pedro pregando para milhares ouvintes mas o dia a dia de Jesus com seus discípulos. Uma caminhada. Um estilo de vida. Não uma religião.“Depois, subiu ao monte e chamou os que ele mesmo quis, e vieram para junto dele. Então, designou doze para estarem com ele e para os enviar a pregar e a exercer a autoridade de expelir demônios” Marcos 3:13 à 15. Se uma igreja não incentiva o aprofundamento de relacionamento com Cristo e não fornece espaço para relacionamento interpessoal numa comunidade receptiva e acolhedora, ela deixa de ser igreja.PropósitoA igreja não existe para “melhorar” a vidas das pessoas, mas para glorificar a Deus (Ef 1: 12) e manifestar sua presença na terra (1 Co 12:27 e Cl 1:18). Se a igreja chega a melhorar a vida de alguém é porque levou esta pessoa a Cristo, para remissão de seus pecados, fazendo com que entendesse o evangelho, em todas as suas implicações, e, arrependendo-se, recebe perdão, alívio e paz. Daí em diante, se sua vida prosperar, foi devido uma mudança interior, abandonando vícios, reconciliando-se com desafetos, e vivendo a vida familiar em harmonia.Se a igreja não manifesta a presença de Cristo na sociedade e não vive para a glória de Deus, deixa de ser igreja. MissãoA igreja não existe para construir prédios, fazer marketing, vender livros, camisetas ou CDs, abrir rádios e TVs, realizar eventos, promover homens e mulheres de Deus, nem mesmo, acredite, converter o mundo! A missão da igreja é fazer discípulos.“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” Mateus 28:19,20 . Toda a dita “programação da igreja” deve ser voltada única e exclusivamente a cumprir a missão dada pelo Senhor, nada mais. Se a igreja não faz discípulos não está cumprindo sua missão e deixa de ser igreja.Como saber se pertenço a igreja?Se você é um pastor ou líder cristão, a pergunta pode ser outra: o que estou pastoreando atualmente pode ser definido biblicamente como Igreja? Para que esta pergunta possa ser respondida, algumas outras devem ser feitas. Creio que a origem da igreja se deu na chamada dos 12, foi confirmada na cruz e comissionada no pentecostes? Creio que o modelo de igreja é o relacionamento de Jesus com seus discípulos ou um auditório comportado que me ouve dominicalmente cantando hinos maravilhosos e dando a impressão de que estão de fato carregando sua cruz dia a dia?Entendo que a igreja é o Corpo de Cristo e por isso, estando reunida, manifesta a presença de Cristo ao mundo? Jesus pode ser “visto” nas reuniões de minha igreja? Estou atualmente sendo discipulado e discipulando alguém? A prioridade máxima em minha igreja é discipular?Ônibus errado leva ao destino errado. Igreja errada, para onde poderá nos levar?“Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te em breve; para que, se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade” ( I Tm 3:14 ,15).A igreja é a “Casa de Deus”, não a minha casa. Fui convidado a entrar nela e nela viver. Não como hospede, mas como filho adotivo. Só o fato de estar ali, já deve ser suficiente. Qualquer benefício que disto me advier, é graça, abundante graça. Mas preciso conhecê-la bem para me ajustar a sua origem, seu propósito e missão para estar ciente “de como se deve proceder na casa de Deus”.
Sérgio Marcos

Não leia este artigo

Olá! (agora que acessou, leia tudo por favor).
Isto significa que você é: Desobediente, curioso(a), aprendiz, às vezes não pensa, caiu em tentação, a carne falou mais alto, etc... Não tente arrumar justificativas por acessar este artigo, foi até bom que acessou, fiquei feliz, pois agora aprenderemos um pouco mais de Deus. Jesus disse: "Não peques" e, às vezes, Ele acrescentava: "Não peques mais". ... Não acesse mais (parafraseando) ... Não veja mais ... Não minta mais ... Não roube mais. Podemos ter uma enorme lista daquilo que Jesus nos pediu para não fazer "mais". Só que a tentação, a fraqueza ou a força da carne nos impede hoje de viver uma vida plena com Deus. Sempre estamos errando. Sempre estamos pecando. Vivemos mais desobedecendo a Deus e obedecendo aos homens.Até quando Jesus vai precisar falar: "Não ............ mais? Ele sempre tem dado uma oportunidade e, nós, sempre acessando o pecado! Deus deu uma ordem para o homem no jardim "E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente;Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás". ( Gn. 2.16-17)Deus sempre colocou limites, sempre estabeleceu aonde podemos ir e o que não podemos fazer. Ele fez isso para o nosso bem! Só que insistimos em nos alimentar da árvore do conhecimento do bem e do mal. Assim como você teve a curiosidade de acessar este artigo, cujo o tema foi proposital, talvez Adão e Eva pensaram algumas coisas semelhantes a você. E é aí que muita gente morre. Foi essa a consequência que Deus deixou para o homem. Uma coisa que parece inofensiva pode nos matar. Até quando precisamos ser corrigidos na mesma área da vida? Querem nos apedrejar, pois sempre nos apanham em adultério para com Deus mas, mesmo assim, Jesus oferece o perdão. Quando você estiver navegando pela Internet, passeando pela rua, dentro de uma academia, dirigindo seu carro, dentro do ônibus, em um banco e, até na igreja, lembre-se desta oportunidade e desta ordenança: "Vai e não peques mais!". Não faça isso novamente! O que você tem acessado? O que você tem feito? Deus nos colocou em um lindo jardim, só que nosso impulso de curiosidade nos fez sair de um belo lugar e fomos morar nas trevas. O bom é que Jesus veio, nasceu em um estacionamento de cavalos, nos tirou do império das trevas e nos transportou para o reino da luz. Hoje Ele continua dizendo: "Vai, e não peques mais".

Falas de um Amigo


Dedico este texto a alguns amigos. Em especial ao Luciano e o Flávio, que estão descobrindo em Deus a grandeza de serví-lo. E também ao grupo "Entre Amigos", que estão descobrindo juntos, a grandeza da graça de Deus, no outro.

Um amigo não deseja ser sempre lembrado, mas tem consciência que precisa estar sempre presente de alguma ou de outra forma.Um amigo não tem pretensão de ser o mais próximo, mas tem a educação de respeitar os espaços, inclusive o seu.Um amigo não é simplesmente um portador de más ou boas notícias sinceras, mas um elo oportuno para a solução de problemas.Um amigo não é "o cara" em conselhos, mas resume-se numa boa alma, muitas vezes imperceptível.Um amigo não é "o crânio" para tudo, mas tem sempre um olhar, um agir e um falar sábio, que não se encontra em qualquer esquina.Um amigo não precisa de falas de elogios, mas de pouquíssimos agradecimentos verdadeiros.Um amigo necessariamente não é uma referência, mas está no mesmo barco, remando e olhando para o farol e a bússola, a fim de encontrar o rumo certo.Um amigo sofre e ri junto, ajuda a se chegar a uma conclusão conciliatória, mas não abre mão de seus princípios.Um amigo não se convence só porque é amigo, mas discute os argumentos, mantendo a serenidade e a elegância.Um amigo caminha do lado, mesmo que do seu lado seja calçamento e do outro um asfalto.Um amigo ora e fala, depois ora e ora.Um amigo aponta para Cristo, depois olha para Deus, e em seguida, escuta o Espírito Santo.Um amigo não quer os melhores locais, mas estar na porta de entrada.Um amigo quer ser simplesmente um amigo, pois sabe que tem uma pessoa bem melhor, em todos os sentidos da vida: - Jesus, melhor que todos e maior que tudo! Esse sim, é o amigo.

Onde está?

Abri uma das gavetas da alma e olhem o que estava lá. A resposta é facíl,pois é uma ironia,"as vezes não vemos mais está la"
Onde esta?
O canto dos pássaros, o céu azulado, a noite estrelada;
Onde esta o brilho nos olhos, o beijo estalado, o abraço apertado;
Onde esta o silencio gostoso, o sorriso maroto, o abrigo tranqüilo;
Onde esta o zunido do vento, o doce momento, a alegria falada;
Aonde esta o amigo que vai, o toque que fica, a aliança que se intensifica;
Onde esta o berro do gol, o pai ao meu lado, o vovô engraçado;
Onde esta o colo da mamãe, o perfume das flores, o grito de bravo;
Onde esta o coração apaixonado, o amor já citado, o anjo ao meu lado;
Onde esta a criança que ri, o menino que vi, o eu que estava ali;
Onde esta o homem que chora, o braço que se esfola e a vida que se vai embora!
Andrew Roger

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Pensamentos de Deus

O estudo concreto do eleito de Deus é Deus. O estudo apropriado ao cristão é a divindade. A mais alta ciência. A mais elevada especulação. A mais poderosa filosofia que possa prender a atenção do cristão é o nome, a natureza, a pessoa, a obra, as ações e a existência do grande Deus que se chama Pai. Nada é melhor para o desenvolvimento da mente que contemplar a divindade. Trata-se de um assunto tão vasto que todos os nossos pensamento se perdem em sua imensidão. Tão profundo que nosso orgulho desaparece em sua infinitude. Podemos compreender e aprender muitos outros temas derivando deles certa satisfação pessoal e pensando enquanto seguimos o nosso caminho: “olha, sou sábio!”. Mas quando chegamos a esta ciência Superior e descobrimos que nosso fio de prumo não consegue sondar sua Profundidade e nossos olhos não podem ver sua Altura, nos afastamos, pensando que o homem pode até ser sábio, mas não passa de um potro selvagem dizendo: “nasci ontem e nada sei”.Nenhum tema contemplativo tende a humilhar mais a mente que os pensamentos sobre Deus. Ao mesmo tempo, porém que este assunto humilha a mente, também a expande. Aquele que pensa com freqüência em Deus terá a mente mais aberta do que alguém que caminha penosamente por este estreito globo. O melhor estudo para expandir a alma é a ciência de Cristo, e este crucificado, e o conhecimento da Divindade na gloriosa Trindade. Nada alargará mais o intelecto, nada expandirá mais a alma do homem, que a investigação dedicada, cuidadosa e contínua desse grande tema. Ao mesmo tempo em que humilha e expande este assunto é eminentemente consolador. Na contemplação de Cristo existe um bálsamo para cada ferida, na meditação sobre o Pai há consolo para todas as tristezas e na influencia do Espírito Santo alívio para todas as mágoas. Você quer esquecer sua tristeza, quer livrar-se de seus cuidados? Então vá, atire-se no mais profundo mar da Divindade. Perca-se na sua Imensidão e sairá dele completamente descansado, reanimado e revigorado. Não conheço coisa que possa confortar mais a alma, acalmar as ondas da tristeza e da mágoa, pacificar os ventos da provação que a meditação piedosa a respeito de Deus.

Extraído e Adaptado do (sermão de Charles Spurgeon, 1855)


Não perder o foco

Não sei se a vida moderna é a responsável pela perda do essencial, em relação à vida cristã. Talvez esta seja uma ameaça constante desde o início.O que é central, e o que é periférico?O que é central, e o que é periférico para a vida cristã?Proponho que o núcleo duro, inegociável, que distingue a fé cristã das outras milhares de confissões religiosas seja "Cristo Jesus veio ao mundo salvar os pecadores" (I Tm 1.15) porque "de tal maneira Deus amou o mundo que deu Seu Filho Unigênito para que todo aquele que nEle crer não pereça mas tenha a vida eterna" (Jo 3.16), pois Ele diz "dou a minha vida para tornar a tomá-la...ninguém a tira de mim" (Jo 10.18)Neste núcleo duro temos as seguintes mensagens:Há pecadores, ou seja, pessoas que não agem de conformidade com os padrões divinos esta não conformidade faz separação entre Deus Criador e ser humano criatura, de tal modo que a convivência é impossível.Tornar a relação com Deus possível não é algo que esteja ao alcance de nenhum ser humano somente Deus Pai é capaz de tomar a iniciativa para estabelecer uma real relação com este ser humano radicalmente contrário a Ele.Deus Pai toma a iniciativa, por amor - não por obrigação, não por dever, não por sentir-Se em dívida.Deus Pai toma a iniciativa através de Jesus, e esta iniciativa envolve morte e ressurreição é necessária uma atitude ativa: crer, para ser salvo (ou seja, não ser alijado da presença do Criador).A posição unânime da Igreja Cristã é a interpretação, corretamente embasada nas Escrituras, de que Jesus é o sacrifício oferecido por Deus a Si mesmo, trazendo o perdão pelos pecados constantes do ser humano. A vertente evangélica entende que este sacrifício deve ser aceito individualmente por cada pessoa, o que possibilita a vida eterna após a morte.Existem consequências necessárias a esta aceitação. Os parâmetros éticos mudam de eixo, refletindo no comportamento. Não é possível aceitar o sacrifício substitutivo de Jesus na cruz sem mudança de vida! O abandono da mentira, o cuidado com as emoções potencialmente destrutivas, o trabalho honesto no lugar do furto, preocupação efetiva com o bem estar do outro, cuidado no uso das palavras, entre outros, são diretrizes éticas explicitamente mencionadas (Ef 4.17-32).A escolha deste aspecto do cristianismo como seu núcleo central é apoiado pelo que o apóstolo João chama de anticristo: aquele que nega que Jesus é o Messias (I Jo 2.18-27).Certamente há questões intimamente ligadas a este núcleo, que lhe servem como moldura e ambiente, tornando-o mais claro, ampliando o conhecimento de modo a subsidiar melhor as decisões éticas pessoais e comunitárias. O caráter de Deus, a Trindade, o futuro, etc.Mas há questões periféricas, pouco importantes no contexto da graça: Deus é quem perdoa, quem fornece o meio de satisfação de Sua justiça. Nada sobra para o ser humano realizar. E o pecado o acompanhará até a morte, e além de reconhecer o fato, confessar os que percebe, buscar não mais cometê-los , nada há o que fazer da parte humana. Os erros doutrinários que não afetam o núcleo duro são parte inerente da condição não-divina, aceitos por Ele em função de nossa diversidade cultural e possibilidades de compreensão.Criação ou evolução? Não é importante, já que, para o cristão, Deus criou. Como? É problema dEle, e somente Ele sabe a resposta, e O deixo ser Deus.Cristão católico romano? ortodoxo? luterano? Batista?Predestinação absoluta? parcial? livre arbítrio?O que mais completaria a lista?

Publicado em www.medicinaeciencia.med.br em 09/05/2010

Viver a Vida: descendo ladeira abaixo...

É muito interessante a maneira como cada sociedade dita as próprias normas de convivência social. Isto certamente oferece um excelente tema para dissertações de mestrado ou teses de doutoramento nas áreas das ciências sociais e/ou humanas.E aqui não proponho me estender muito sobre esta questão, mas arrisco-me a fazer um "link" desse assunto com questões relativas à fé judaico-cristã.Qualquer teólogo concordorá com a ideia de que Deus é "O Legislador", mas é triste perceber o quanto a humanidade tenta apartar-se do ideal divino para o homem, presente em Sua Lei, cada vez menos apreciada e seguida.E isto é suficiente para concordarmos que a sociedade atual vem descendo ladeira abaixo.O que facilmente se percebe é o quanto a mídia televisiva vem tentando minar e macular as relações familiares.Na novela Viver a vida, produção "made in Brazil", vemos alguns relacionamentos amorosos prá lá de estranhos, a saber:No primeiro caso, um homem (Marcos, interpretado pelo José Mayer), ao separar-se da segunda esposa (Helena, interpretada pela Taís Araújo), amarga a decepção de saber que a mesma passou a envolver-se sexualmente com o seu filho bastardo, Bruno (interpretado por Thiago Lacerda), gerado nas farras da juventude. O escritor da novela, tentando dar cores de pureza à situação, "inocenta" os personagens Helena e Bruno, pelo fato destes não saberem que existia um vínculo biológico-sanguíneo entre Marcos e Bruno (ou seja, pai e filho, respectivamente).No segundo, o jovem Jorge (interpretado pelo Mateus Solano), é noivo de Luciana (interpretada por Alinne Moraes), que, após um acidente, onde se tornou paraplégica, acabou o relacionamento (que já era íntimo, com direito a motel), e logo se apaixonou pelo Miguel, irmão gêmeo do ex-noivo.Estes "casos" amorosos, que estão rendendo Ibope e fazendo escola, são veementemente condenados pela Palavra de Deus:"Não descobrirás a nudez da mulher de teu pai; é nudez de teu pai" (Levítico 18:8)"Não descobrirás a nudez da mulher de teu irmão; é a nudez de teu irmão" (Levítico 18:16)Segundo um texto que li na internet, na novela "Girassol", que substituirá "Escrito nas Estrelas", às seis da tarde, a personagem feminina principal começará a história casada com um homem, mas depois irá se envolver com o filho dele. E com direito a banho de cachoeira logo nos primeiros capítulos ...Diante do exposto no parágrafo anterior, fico a imaginar o que virá após "Girassol", embora a Bíblia já nos ofereça um entendimento claro sobre isto: "Um abismo chama outro abismo" (Salmos 42:7a).A condição em que nos encontrávamos antes da conversão, e aquela em que vive as pessoas não regeneradas pelo Espirito Santo, é descrita da seguinte maneira pelo Apóstolo Paulo: "Em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também" (Efésios 2:2-3)Entretanto, aos que creem em Deus, e se esforçam tentando seguir as pisadas do Mestre Jesus, há certeza de escape e salvação: "Aquele que testifica estas coisas diz: Certamente cedo venho. Amém; vem, Senhor Jesus" (Apocalipse 22:20)
Fernando Sampaio

A Tempo


Não há nada mais divino que o Tempo. O Tempo é justo, misericordioso, amoroso, esperançoso, tudo que Deus é, Ele depositou no Tempo. O Tempo nos modifica, nos transforma e nos liberta. O Tempo é a cela aberta.O Tempo é o fruto verde, é o maduro. O Tempo é o feto, é o idoso. O Tempo é a magoa , é o esquecimento.O Tempo é a raiva, é o amor.O Tempo é a alegria e a tristeza.O Tempo é o professor, o mestre.O Tempo é paciente.O Tempo renova as folhas e as flores.O Tempo é o arrependimento.O Tempo é o teu companheiro quando se sentires só.O Tempo é a fé.O Tempo é a verdade que fita nos nossos olhos.O Tempo é o remédio que cura e cicatriza.O Tempo é fiel, pois é a promessa de que tudo passa.O Tempo estará sempre a favor, se permitires que ele ande ao teu lado.E quando estamos adiante com o Tempo, ficamos apenas saudosos daquilo que foi bom.Contra o Tempo não há ninguém que possa ir.Não adianta correr, o Tempo continuará andando na mesma velocidade.E quando oramos à Deus e pedimos soluções aos nossos problemas, Ele nos responde dê um Tempo. Claro que Ele sabe o que está dizendo, pois o Tempo mudo, é o Seu principal interlocutor desse mundo. O Tempo aqui representa Deus, na figura mais abstrata e mais concreta que temos, você não pode ver o Tempo, mais pode senti-lo, não pode pegá-lo, mas pode se apegar a ele, afim de que espere as coisas que vem ao teu socorro.E se alguém um dia lhe disser que não acredita em Deus, diga a essa pessoa para acreditar no Tempo, pois lá estará Deus esperando o Tempo desse alguém para reconhecer que Deus existe. 1 Coríntios, capítulo 4, 5. Por isso, não julgueis antes do Tempo; esperai que venha o Senhor. Ele porá às claras o que se acha escondido nas trevas. Ele manifestará as intenções dos corações. Então cada um receberá de Deus o louvor que merece.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Lembranças de minha mãe

Lembro de suas lágrimas quando eu sai de casa aos 17 anos pra viver um sonho que não conhecia.
Lembro das inúmeras vezes que cozinhou para os seis filhos e que chamava um por um pra sentarmos a mesa.
Lembro das inúmeras vezes que me chamou a atenção, querendo me fazer um homem.
Lembro das inúmeras vezes que me aconselhou e me incentivou a lutar pelos meus sonhos.
Lembro de suas palavras quando reclamei certo dia que minha mão estava cheia de calos por causa do trabalho. “mão de homem é assim mesmo”, não pense em parar.
Lembro de muitas vezes que a vi chorar por causas dos problemas financeiros que passamos e pelas dificuldades que suas escolhas lhe trouxeram.
Lembro de suas palavras a respeito de um Deus que me amava.
Lembro de quando criança me levava à igreja e insistia pra que eu ficasse quieto no banco, quando na verdade eu só queria ir ao banheiro. Pra passear é claro.
Lembro do primeiro caderno que ela comprou pra mim, pra que eu começasse escrever. Bom... Na verdade rabiscar.
Lembro que sempre levantava cedo pra nos preparar o café da manhã.
Lembro de suas muitas horas trabalhadas em sua máquina de costura, e lembro quando recebia seu salário gastava prazerosamente com as “coisas” de casa.
Lembro do mingau que fazias pra gente nas tardes frias. Do seu sorriso. Do seu abraço.
Lembro que nas noitas frias ela trazia um cobertor extra e colocava sobre cada um dos filhos.
Lembro de sua dedicação quando ficavamos doentes. Que cuidado!
Lembro também, claro, das inúmeras vezes que “apanhei”. Como poderia esquecer-me disso.
Lembro – me de muitas coisas e também acho que me esqueci de muitas outras, mas mãe com certeza nunca me esquecerei da senhora. Te amo!

Lápis, borracha e caneta

Porque não usamos mais lápis e borracha e só escrevemos de caneta?
Lembro-me quando criança que na escola éramos advertidos pela professora, a não escrevermos de caneta, porque era certo que iríamos errar.
Hoje já não uso mais lápis, quem dirá borracha, será que eu não erro mais e por isso estou livre para escrever de caneta?
Que grande tolice!
Continuo errando como nunca, algumas páginas da minha vida estão borradas, porque a borracha não limpa de todo, sempre fica marcada.
Mas a vantagem que se tem é que, com o lápis, podemos escrever de novo, por cima, já a caneta...
É, depois inventaram o branquinho que apaga até mesmo tinta de caneta.
Porem ficava muito visível o erro, deixava mais branco que a própria folha.Eu gostava mesmo era da borracha!
Aqueles esfregões que dávamos faziam com que ela se apequená-se, e o que dizer dos farelos que soprávamos, que se espalhavam pela folha, pela mesa e por todo o chão.
Vivemos dias que não podemos errar, chorar e falhar querem ver em nós a perfeição, o modelo e o exemplo.
Mais como?Visto que o processo de aprendizagem acontece também pelos nossos erros!
Lembro-me também que o uso da caneta veio aos poucos, principalmente em dias de provas, ficávamos ansiosos para usarmos a caneta. Sim eram dias decisivos para testar o que havíamos aprendido depois de errar bastante é claro!O que fosse escrito estava escrito não tinha como apagar depois!
Penso assim na vida, tem momentos que temos que usar a caneta são aqueles dias de provação, onde somos colocados frente a frente com a tentação, com o mal, são dias decisivos que escrevemos para sempre a historia da nossa vida sendo responsáveis de alguma maneira pelas atitudes que tomamos e o caminho que seguimos.
Mais não é sempre assim, e devemos continuar usando nosso lápis e borracha sem esquecer também da nossa caneta.
Andrew Roger

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Correção...

Precisamos corrigir os rumos de nossa peregrinação interior, desconstruindo a imagem internalizada de um Deus severo, para encontrarmos o Deus da graça e do amor. Face ao amor incondicional de Deus, podemos também desconstruir a imagem enganosa que temos de nós mesmos, baseada na justiça própria, para encontrar nosso verdadeiro eu: pecador, fraco, carente.
Amparados nesta verdade, somos encorajados a viver e aprofundar cada vez mais a realidade última que nos revelam as Escrituras: somos pecadores amados por Deus, que nos fez seus filhos.

Pensar, um ato de Fé

Uma das contribuições mais importantes do protestantismo para a história foi a concessão de liberdade à interpretação bíblica — em última análise, um estímulo à autonomia do próprio pensar, terreno vasto e fértil. Tal movimento, naturalmente, pressupunha riscos, como o surgimento de aventureiros, estelionatários e pervertedores da doutrina apostólica, um preço que o cristianismo já pagava e continua pagando até nossos dias. Ainda assim, a dinâmica da fé evangélica (no sentido mais amplo da palavra) é tributária deste privilégio à reflexão.

Curados e Curvados

Os noticiários não deixam dúvidas, vivemos numa sociedade adoecida. São muitos e variados os sintomas. Doentes adoecendo outros. Feridos que se aprimoram em ferir.Manifestações de violências que nos habitam e trazem sérias consequências ao contexto que nos cerca. Perversões sexuais vêm à tona e ganham as primeiras páginas dos jornais e capas de revistas. Escândalos se multiplicam graças à falta de ética, de responsabilidade e de cuidados necessários para se viver razoavelmente em comunidade.Criatividade em prol da corrupção, com esquemas assustadores que vão sendo assimilados como rotina, na qual o conformismo é quase natural. Todos estão ocupados demais para se envolver em alguma causa, aderir a mobilizações, alçar a voz, agir em favor dos direitos humanos.O que o evangelho tem a dizer em nossos dias?Eugene Peterson em Espiritualidade Subversiva diz que "mais profunda e forte que a nossa enfermidade é a nossa cura". Desde que passamos a conhecer o bem e o mal, fomos acompanhados pela promessa da esperança - um redentor. Num longo processo de restauração, Deus forma um povo a partir de Abraão com a promessa de bênção para todas as famílias da terra (Gn 12.3). Uma aliança de misericórdia e amor é feita. Contudo, o pecado nos adoeceu de tal forma que, apesar de Deus falar, ensinar, mostrar, se revelar, nossa rebeldia é constante. O Antigo Testamento mostra a trajetória de um povo negligente, oscilante, idólatra, ingrato, arrogante, que dá as costas para Deus, um Deus que nunca deixou de amar.Deus fala de uma Nova Aliança. Jesus vem nos explicar melhor, vem dar-se. Jesus vem a fim de que não restem dúvidas, vem sabendo que é necessária uma libertação profunda, que o estado é terminal, mas que o amor é o maior poder. O amor passa a ter rosto, pele, cheiro e nas relações com ele pessoas são curadas. Ele faz questão de deixar claro: "Os sãos não precisam de médico e, sim, os doentes. Não vim chamar justos, e, sim, pecadores ao arrependimento" (Lc 5.21-32).O problema é tratar doente que não quer ser tratado. Muitos se recusam, até mesmo cientes. Porém, enquanto não admitir que sou doente, posso não entender do que preciso me arrepender. Consequentemente Jesus e sua vinda não fazem sentido algum. Eu me basto. Posso continuar doente achando que estou saudável, recusando e fugindo de qualquer tratamento, ou até buscando confusamente a cura num amor que não se realiza por se tratar de fonte errada. A arrogância confunde pouco caso com proteção. Infeliz ignorância! Como diz Paulo Brabo, "Jesus evidentemente não veio para os santos, os intocados, os poupados, os intocáveis, os que merecem uma categoria à parte. Sua paixão é pelos mistos, os imundos, os misturados, os irremediáveis, os caídos, os violados, os atormentados, os não resolvidos". Como então nos definimos?Há uma cura, profunda e forte, a ser experimentada por aqueles que abandonaram tipos, máscaras, que baixaram seus muros de proteção que nada protegiam; afinal, a doença não estava fora, mas dentro. O amor de Deus é um verdadeiro processo terapêutico em longo prazo.Aquele que foi ferido agora trata das feridas daqueles que se percebem feridos. O profeta Isaías estava correto: "nele somos curados" (Is 53.5).Há uma cura radical para os confinados em suas misérias, em suas feridas, antes definitivas. Agora, Cristo faz novas todas as coisas (2Co 5.17). Ele define tudo de maneira nova.Agora, os feridos em tratamento podem partilhar sua experiência, dizer do remédio, atentar ao tratamento, zelar pelas recomendações do médico de nossa alma.Boas novas para os nossos dias! Nesse tempo de extremos podemos testemunhar, mostrar nossas próprias feridas, deixar que elas sirvam. Deus transforma, como percebeu José no Egito (Gn 50.19), o mal em bem.A cura nos faz cada dia mais humildes. E não há mérito nisso. Simplesmente é a conclusão de quem se relaciona com Cristo. Diante de Deus o que nos resta? O que sobra de nós para lhe oferecer? Nele revemos toda nossa postura. Nossa completa inadequação é exposta. Pode ser bastante dolorido, mas tudo é acolhido de forma amorosa por aquele que continua vindo ao nosso encontro.Diante da grandeza de Deus e seu amor curador, vemos que nada somos sem sua graça e misericórdia. Nosso próximo é mais igual do que imaginávamos. Todos nos curvaremos, cedo ou tarde.Hoje, nossa sociedade precisa ver mais gente curvada diante de Deus. É fato que o pecado, em certo sentido, também nos curva. As injustiças, a desigualdade social, deixam grande parte da população prostrada em suas misérias e lamentos. O pecado, em última análise, nos curva diante da morte. Mas, aqueles que verdadeiramente se relacionam com Jesus se curvam espontaneamente em temor, alegria e amor.Que a nossa vida mostre mais sobre quem é Jesus e os efeitos de seu amor restaurador em nossa vida.
Taís Machado (Ed. Mundo Cristão)

segunda-feira, 3 de maio de 2010

O que é crise (parte 1)

Como complemento da postagem publicada no dia 29 de abril "Crises" o irmão Andrew Roger nos enviou este texto como um Raio X da crise. Vale a pena ler, afinal, o texto é de Leonardo Boff.
Que significa crise ? Todos falamos da crise econômica que provoca uma rede de outras crises. Geralmente vivenciamos a crise como algo ruim; anormal e que não deve ser. Suas manifestações são notórias: desemprego, fome, desespero.O objetivo desta reflexão é mostrar que a crise é necessária (por isso inevitável) a todo processo de vida (econômica, social, pessoal), porque este processo jamais é linear, mas se dá por rupturas e novas retomadas.A crise estoura de tempos em tempos para permitir que a vida continue vida e se possa desenvolver.Ela não é, portanto, um sintoma de doença mas de saúde.Não é algo a ser deplorado mas a ser explorado.Tudo depende de como enfrentamos a crise.Há formas de enfrentamento que não acolhem os desafios da crise no sentido da criatividade e daí da superação da crise; geralmente minorias beneficiadas por um certo tipo de arranjo social, agora em crise, se opõem à mudança necessária e impedem as decisões implicadas na tranformação. Há formas de enfrentamento que captam os desafios, introduzem as rupturas exigidas, abrem um caminho promissor e conferem novo sentido à vida social, econômica e política.A crise é o que é: um fenômeno que pertence a tudo o que é orgânico, como a vida e a sociedade.As atitudes em face da crise produzem bons ou maus frutos.Vejamos, rapidamente, a fenomenologia da crise e em seguida seu sentido.Vive-se um arranjo social fruto de certo equilíbrio de forças; este possui, como todas as coisas, um alcance e um limite, vale dizer, um leque limitado de realização de possibilidades.Ao esgotar-se este leque (o processo chega a um certo patamar de evolução em que deve mudar qualitativamente) produz-se um desequilíbrio; o cosmos (ordem) pode virar caos. As forças em efervescência buscam novo equilíbrio.Uma decisão vigorosa que colhe a dinâmica das forças em tensão cria um novo equilíbrio e a história segue adiante. Formalizando a crise, podemos dizer:(1) uma ordem termina;(2) gera-se uma cisão que aglutine as forças, se produz uma nova ordem (bloco Histórico em nossa sociedade de classes);(3)se houver uma de – cisão que aglutine as forças, se produz uma nova ordem (bloco histórico em nossa sociedade de classes);(4)este novo arranjo via realizar as novas possibilidades criadas até que estas também entrem em crise.De crise em crise prossegue a história em seu curso.Para onde ?Cabe à filosofia e à teologia responder.A origem filológica da palavra crise nos ajudará a entender o processo crítico pelo qual passamos atualmente.Crise tem em sua raiz a palavra sânscrita Kri que significa limpar, desembaraçar e purificar. As palavras crisol (cadinho) e acrisolar (depurar, purificar) guardam o sentido originário do sânscrito.Crise, portanto designa a chance de purificação, o processo de depuração do que vale ou não vale; o crisol desembaraça o ouro de suas gangas.Isso só ocorre se houver separação e ruptura; é o aspecto dramático da crise; nela se acrisolam os dados positivos que vão constituir os fundamentos da nova ordem.
Enviado por Andrew Roger

O que é crise (parte 2)

Como complemento da postagem publicada no dia 29 de abril "Crises" o irmão Andrew Roger nos enviou este texto como um Raio X da crise. Vale a pena ler, afinal, o texto é de Leonardo Boff.
De crise vem critério que designa a medida pela qual dis – cri – minamos e separamos o autêntico do inautêntico.No campo social a crise somente é superada, dizíamos acima, quando uma de – cisão eficaz abre o caminho de solução.A de – cisão que costura a cisão pertence ao processo do enfrentamento positivo da crise.Ora, este é sentido principalmente da palavra krisis em grego que subjaz também à crise em português.Quando cai a decisão (krisis) num processo judicial, acabou o impasse dos prós e dos contras; estabelece-se uma nova realidade; igualmente a decisão do médico, analisando os sintomas da doença, muda o rumo da apreciação ( krinein em grego significa julgar).São João, no seu evangelho, usa cerca de 30 vezes a palavra crise, no sentido de decisão, juízo e ruptura.Jesus é a derradeira crise para o mundo (Jo 3,1-21; 3,31-36); sua atuação produz crise nos ouvintes: devem decidir-se, pró ou contra; a crise introduz a divisão entre a luz e as trevas (Jo 3,19-20) ou entre a vida e a morte (Jo 5,24).Crise, portanto, é oportunidade de uma decisão que pode produzir um acrisolamento e uma purificação.A crise é sim uma descontinuidade mas normal no processo de vida; não é sinal de uma catástrofe iminente, mas o “momento crítico” em que a inteira sociedade se questiona sobre o tipo de relações que possui e qual é seu destino coletivo.Como dizia Ortega y Gasset, que em 1942 escreveu um dos mais lúcidos ensaios sobre a crise (Esquema de las crisis y otros ensaios):“A crise é um momento histórico em que não muda algo no mundo, mas em que o mundo inteiro muda.”A crise se dá no processo de passagem de um mundo (ou de uma ordem) para outro ou de um sistema econômico a outro.Dizíamos que a verdadeira questão não é a crise, mas as atitudes em face dela. Vamos considerar, rapidamente, algumas delas:Os apocalípticos: são aqueles que vêem a crise como uma catástrofe e um fim do mundo (daí apocalípticos); na verdade não acaba o mundo mas um tipo de mundo, aquele no qual vivem e se beneficiam.Bem dizia um pedagogo e filósofo suíço que ama muito o Brasil, Pierre Furter : “Caracterizar a crise como sinal de um colapso universal é uma maneira sutil e pérfida dos poderosos, dos privilegiados, para impedirem, a priori, as mudanças, desvalorizando-as de antemão.”São de tal maneira contra que não possuem quase nenhuma coisa pela qual poderiam estar a favor.Há os arcaizantes: são aqueles que se agarram às fórmulas do passado; procuram para os problemas de hoje as respostas de ontem.Permanecem na crise.Há os futuristas: são normalmente as vanguardas sectárias, os críticos mais audazes mas com soluções que não integram os principais elementos dos problemas, capazes de criar um consenso novo e promissor.Podem ser brilhantes, mas geralmente são estéreis.Há os escapistas : são aqueles que encontraram uma solução somente para a sua classe e escapam para este mundo reconciliado. Fecham-se sobre suas fórmulas tecnocráticas e não dão ouvidos a mais ninguém. Estiolam na crise.Há os res – ponsáveis : são aqueles que não fogem nem para frente, nem para trás, nem para dentro, mas procuram dar uma res – posta (daí responsáveis que vem de responsum em latim ) adequada às forças em presença; aprendem do passado , mantêm-se abertos ao futuro, não temem as rupturas necessárias, sem perder o sentido do todo; vêem na crise chance de crescer, para isso mudar, acrisolar-se de gangas do passado, decidir-se para ser mais.A superação da crise não se faz pelo ativismo ou pela excitação, mas pela lucidez que identifica o nó problemático, pela decisão do corte que põe termo à decomposição e pelo projeto novo adequado ao chamado da hora.A quem a última palavra ?Todos nos encontramos dentro de uma situação-de-crise.Importa definir-se bem dentro dela, especialmente os que ocupam os lugares sociais de decisão.Se houver res-ponsáveis, até a crise econômica terá um desfecho feliz.Platão sabiamente advertia em sua Politeia : “Todas as coisas grandes acontecem no meio de um grande risco.” {Jornal Folha de São Paulo – OPINIÃO (Tendências /Debates) Quinta-feira 07 de julho de 1983. P. 3} Leonardo Boff (téologo)
Enviado por Andrew Roger