segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Na companhia do Espírito Santo

O Espírito Santo caminha junto com a tarefa da igreja. Não podemos falar de um sem mencionar o outro. A despeito do entusiasmo surgido nas últimas décadas em relação a novas experiências espirituais, Deus não dá às pessoas o Espírito Santo para que elas desfrutem de uma espécie de “Disneylândia espiritual”. É claro que se você estiver abatido e desanimado (ou não), o suave frescor do Espírito de Deus irá ajudá-lo a enxergar as coisas de uma perspectiva diferente, e acima de tudo, proporcionará a você a sensação da presença de Deus ao seu lado, e de seu amor, consolo e alegria. Mas a intenção do Espírito é capacitar os seguidores de Jesus a levar ao mundo as boas novas do Senhor, contar que ele conquistou a vitória sobre as forças do mal e que um novo mundo está surgindo. Devemos contribuir para que isso aconteça.
Do mesmo modo, a tarefa da igreja não pode ser realizada sem o Espírito. Às vezes ouço alguns cristãos dizendo que Deus já realizou sua obra em Jesus, portanto cabe a nós agora fazer a nossa parte através de nosso próprio esforço. Trata-se de uma compreensão tragicamente equivocada, que produz arrogância ou esgotamento, ou as duas coisas. Não há nada que possamos fazer em prol do reino de Deus sem o Espírito Santo. Sem o Espírito de Deus, a igreja deixa de ser igreja.
Sempre que uso a palavra “igreja” fico um pouco preocupado. Sei que para muitos de meus leitores a palavra “igreja” em si inclui referências a edifícios enormes e escuros, pronunciamentos religiosos pomposos, falsa solenidade e hipocrisia. Mas não tenho alternativa. Sinto também o peso dessa imagem negativa, e luto contra isso profissionalmente o tempo todo.
Mas há outro lado, um lado que mostra todos os sinais do vento e do fogo, do pássaro sobrevoando as águas e trazendo nova vida. Para muitos, “igreja” significa o oposto dessa imagem negativa. É lugar de boas-vindas e sorrisos, de cura e esperança, amigos e família, justiça e uma nova vida. É nela que os desabrigados encontram um prato de sopa e os idosos alguém com quem conversar. É nela que encontramos pessoas trabalhando com viciados em drogas e empenhadas em campanhas em favor da justiça social. Nela você encontrará pessoas aprendendo a orar, abraçando a fé, lutando contra a tentação, descobrindo um novo propósito e uma nova força para viver. É nela que as pessoas se reúnem, com suas fraquezas e falta de fé, e então descobrem que quando se juntam para adorar ao Deus verdadeiro, se tornam mais fortes. Nenhuma igreja é assim o tempo todo, mas um grande número de igrejas é praticamente assim boa parte do tempo.
Não podemos esquecer que foi graças ao trabalho realizado pela igreja da África do Sul que o apartheid foi derrubado, depois de muitas orações, sofrimentos e lutas, e uma nova liberdade chegou àquela terra, sem o grande derramamento de sangue que todos temiam. Na velha Europa oriental comunista, a igreja permaneceu viva no coração das pessoas e foi ela que, com procissões de velas e cruzes, deu um basta na situação. É a igreja que, a despeito de seus desatinos e fracassos, atua em hospitais, escolas, prisões e muitos outros lugares. Prefiro empenhar-me em restaurar o verdadeiro sentido da palavra “igreja” do que inventar nomes como “a família do povo de Deus” ou “aqueles que crêem e que seguem a Jesus” ou ainda “a reunião de todos aqueles que, no poder do Espírito, estão fazendo surgir a nova criação de Deus”. E é isso que pretendo fazer.
O vento, o fogo e o pássaro sobrevoando o ninho são imagens que ajudam a igreja a ser igreja; em outras palavras, capacitam o povo de Deus a ser povo de Deus. Isso tem um efeito surpreendente e dramático. O Espírito nos é dado para que nós mortais comuns possamos nos tornar, em certa medida, aquilo que Jesus foi: parte do futuro de Deus chegando ao presente; um lugar onde o céu e a terra se encontram; os meios para o reino de Deus progredir. O Espírito é dado, na verdade, para que a igreja possa compartilhar da vida e da obra de Jesus, agora que ele foi para a dimensão de Deus — ou seja, o céu. (é esse o significado da “ascensão”: Jesus permanecerá na dimensão de Deus até o dia em que o céu e a terra se tornarem um, e ele então estará presente pessoalmente na união entre o novo céu e a nova terra).

Texto retirado do livro Simplesmente Cristão (Editora Ultimato, p. 134-136)

1 comentários:

Pr. Fábio Magalhães disse...

Realmente, precisamos deixar que o Espírito Santo nos faça ser o reflexo de Cristo ao mundo. Muitas vezes queremos apenas os dons espirituais, para ficarmos trancafiados dentro da nossa zona de conforto, e esquecemos que Jesus nos comissionou para que fossemos testemunhas.