quinta-feira, 16 de setembro de 2010

As exigências da religião: fazer tudo para a glória de Deus

É POR UMA razão bem diferente que a religião não pode ocupar a totalidade da vida no sentido de excluir todas as nossas atividades naturais. É claro que em certo sentido ela deve ocupar a nossa vida toda. Não há dúvida quanto ao compromisso que há entre as exigências de Deus e as da cultura, ou da política, ou de qualquer outra coisa. A exigência de Deus é infinita e inexorável. Você pode até recusá-la, ou começar a tentar aceitá-la. Não há meio-termo. Entretanto, em vez disso, está claro que o cristianismo não exclui nenhuma das atividades humanas ordinárias. Paulo recomenda às pessoas que continuem nos seus empregos. Ele até assume que os cristãos podem freqüentar festas noturnas; e pior, festas oferecidas por pagãos. Nosso Senhor participou de uma festa de casamento e até providenciou o milagre do vinho. O conhecimento e as artes floresceram sob a égide da sua Igreja, e ao longo da maior parte das eras cristãs. É claro que a solução desse paradoxo é bastante conhecida: “Quer comais, quer bebais ou façais qualquer outra coisa, faça tudo para a glória de Deus.”
Todas as nossas atividades simplesmente naturais – até mesmo a mais humilde de todas –, serão aceitáveis se forem ofertadas a Deus, e todas elas, até a mais nobre, serão pecaminosas se não forem ofertadas a Deus. O cristianismo não apenas substitui a nossa vida natural por uma nova; ele é, antes, uma nova organização que explora esses materiais naturais para os seus próprios fins sobrenaturais.

– de The Weight of Glory [Peso de Glória]
1954 The Horse and His Boy [O Cavalo e o Menino, quinto volume da série As Crônicas de Nárnia] é publicado pela Geoffrey Bles, Londres.
Retirado de Um Ano com C. S. Lewis (Editora Ultimato, 2005).

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