terça-feira, 19 de outubro de 2010

Não quero ser misericordioso só comigo!

A partir de hoje, com a ajuda de Deus, vou ser tão misericordioso com os outros como tenho sido comigo mesmo. Todos temos a mesma natureza pecaminosa. Todos carregamos a mesma bagagem pecaminosa. Deixarei de condenar os outros e perdoar a mim mesmo. Porei um fim nessa tendência de buscar atenuantes para o meu pecado e agravantes para o pecado alheio. Farei isso não para diminuir o peso do meu pecado ou o peso do pecado do outro. Colocarei o dedo em riste para ele e para mim. Enaltecerei a graça de Deus para mim e para ele. Afinal, os dois salmos exatamente iguais (Salmos 14 e 53) dizem: “Todos se extraviaram e juntamente se corromperam”.
Devo essa mudança não só à Palavra e não só ao Espírito. Tenho lido alguns depoimentos que me abriram os olhos. Sêneca, contemporâneo de Jesus e conselheiro de Nero, dizia que todos somos perversos: “O que um reprova no outro, ele o achará em seu próprio peito, [pois] vivemos entre perversos, sendo nós mesmos perversos”. O moralista inglês Samuel Johnson, autor de “A Vaidade dos Desejos Humanos” (1749), explicou que “cada qual sabe de si mesmo o que ele não ousa contar ao seu mais íntimo amigo”.
Uma das declarações mais enfáticas sobre o assunto é da lavra do escritor americano William Saroyan: “O homem mau deve ser perdoado todos os dias. Deve ser amado porque alguma coisa de cada um de nós está no pior homem do mundo e alguma coisa dele está em cada um de nós. Ele e nós somos ele. Nenhum de nós é separado de qualquer outro. A prece do camponês é minha prece; o crime do assassino é o meu crime”.
O médico francês Maurice Fleury confessa: “Depois de percorrer todos os escaninhos da alma humana, cheguei a uma conclusão: tenhamos piedade uns dos outros”. Já o escritor sérvio Vidosav Stevanovic faz bem em lembrar que “o mal, como o bem, faz parte da condição humana. [Portanto], antes de combater o mal nos demais, cada um deve combatê-lo no interior de si mesmo”.
O esforço que estou resolvido a fazer de hoje em diante é uma consequência natural daquele conselho de Jesus de remover primeiro a viga que está em meu próprio olho para, depois, remover o pequeno cisco que está no olho dos outros (Mt 7.1-5). Já que preciso de mais misericórdia do que quem tem o cisco, por que perder a paciência com o próximo? Por que cobrar mais dele do que de mim? Por que não perdoar, se eu fui perdoado? Que o Senhor me ajude!

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