sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Para que servem os Pardais

Por muitas vezes me fiz essa pergunta: Para quê servem os pardais? Pássaros intrometidos, bem conhecidos de todos nós, que entram por qualquer abertura, espalhando gravetos e palha, piolhos e outras coisas mais pelas nossas casas e que está presente em todos os continentes.
Por estas e outras razões a minha vontade foi sempre de mantê-los longe. Pois afinal, para quê servem os pardais? São pequenos demais para serem assados, cozidos ou fritos. São comuns demais para serem nossos animais de estimação preferidos. Além disso, seu canto é monótono com uma melodia que está longe de ser a mais bela entre os pássaros.
Há uma questão, portanto, a ser encarada: Acostumamo-nos a olhar as coisas quase sempre na perspectiva utilitarista imediatista: ou serve para comer, vestir, dar cheiro, embelezar, alegrar, como objeto para realizar nossos projetos ou então não serve para nada. Diante disto, convenhamos, os pardais não servem para nada, pois como já dissemos não servem para comer; sua pele não serve para fazer casacos caros e macios; beleza? Não é o seu forte!

Alegrar, nem pensar fazem é muita bagunça!

Portanto, a conclusão parece ser que: os pardais não deviam existir; sua criação foi equivocada, pois para nada servem (isso parece se aplicar a algumas pessoas também – que achamos inúteis como os pardais).
Eu costumava pensar com aqueles que os acham inúteis, entretanto eles estão dente os pássaros citados pela Bíblia, logo não podem ser desprezados. Vejamos o que é dito sobre eles: “Não se vendem cinco pardais por dois asses? Entretanto, nenhum deles está em esquecimento diante de Deus” (LUCAS, 12.6. Grifo nosso). “O pardal encontrou casa, e a andorinha, ninho para si, onde acolha os seus filhotes; eu, os teus altares, SENHOR dos Exércitos, Rei meu e Deus meu!” (SALMO 84.3).
Foi então que, numa bela tarde, fui incomodado pela festa que os pardais faziam no pé de manga no fundo de minha casa. Neste momento caiu a ficha. Pois a festa daqueles pardais poderia me incomodar, mas certamente glorificava o criador.
A lição? Descobri que os pardais podem nos ensinar coisas preciosas e vou citar apenas duas: Louvar e Orar. Eles não têm o canto mais bonito, mas isto não os impedem de cantar, cantar e cantar. Cantam quando o dia nasce, como que orando a Deus por ter renovado seu cuidado e misericórdia sobre suas vidas, e cantam no final da tarde, em oração, numa festa barulhenta e comunitária, celebrando o cuidado de Deus durante o dia e a oportunidade de renovar suas forças para um novo dia que virá.
Cantar e orar é o que os pardais fazem – faça chuva ou faça sol, eles cantam orando. A melodia, se agradável ou não, a minha opinião não parece lhes incomodar. Eles apenas cantam e ao cantarem oram e ao orarem agradam ao Pai que não os ignoram ou os esquecem em virtude da sua aparente inutilidade.
Creio sinceramente que a oração de um pardal está em melhor sintonia com o coração de Deus do que as mais belas orações que fazemos (cheias de reivindicações e vazias de gratidão), porque não sabemos orar (por isso achamos o canto dos pardais monótono) e cantamos apenas quando as coisas estão segundo o nosso desejo egoísta.
Por isso, creio que a palavra de Paulo se aplica também aos pardais: “[...] Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são;” (I CORÍNTIOS 1:28).

Vida longa aos pardais!

No amor de Cristo,

Baltasar Dos Reis Faria

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