segunda-feira, 21 de outubro de 2013

"Tribulações"

Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações, pois vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança. E a perseverança deve ter ação completa, a fim de que vocês sejam maduros e íntegros, sem lhes faltar coisa alguma. (Tiago 1.2-4)
Tiago, irmão de Jesus, escreveu uma carta aos cristãos que estavam sofrendo perseguição. Eles haviam sido expulsos de Jerusalém e deixado para trás seus bens, familiares e amigos. Estavam começando vida nova em outro lugar, e precisavam construir novos relacionamentos, redefinir sua carreira profissional e ainda por cima se defender dos ataques daqueles que se opunham à sua fé em Jesus Cristo.
Um dos conselhos de Tiago para aqueles cristãos em situação tão adversa foi que deveriam receber com alegria as tribulações e provações que a vida colocava diante deles. Tiago justificou seu conselho apresentando três conseqüências das tribulações.
As tribulações provam a nossa fé, isto é, revelam a qualidade dos alicerces onde construímos nossas vidas. Outra maneira de dizer isso é que as tribulações nos mostram quem de fato somos. Muitas pessoas vivem iludidas em relação a si mesmas, e por esta razão constroem suas vidas em alicerces falsos - e vice-versa. Cedo ou tarde estes alicerces são desmascarados e tudo o que está sobre eles pode ruir, como por exemplo: auto-estima, esperança, prazer de viver, relacionamentos, sonhos de futuro, carreira profissional. As situações da vida que confrontam nossos alicerces existenciais são de fato oportunidades extraordinárias para nos reinventarmos, tanto substituindo o que identificamos como inadequado, quanto no desenvolvimento do que identificamos frágil.
As tribulações produzem perseverança, isto é, nos fortalecem para enfrentar a vida. O ditado popular diz que “Deus dá o frio conforme o cobertor”. Acredito nisso. Acredito que o exercício de viver nos coloca diante de desafios proporcionais à maturidade. Uma é a dificuldade da criança, outra, do adolescente, e outra, dos adultos que já não acreditam em Papai Noel e já deixaram a prepotência juvenil de lado. As dificuldades que enfrentamos no caminho nos ajudam a encarar a vida e continuar andando rumo ao futuro desejado. À medida que vamos encarando e superando as tribulações, vamos perdendo o medo de cara feia, até que a vida mostra sua face mais terrível e se surpreende com nossa capacidade de superá-la.
Finalmente, as tribulações nos fazem pessoas maduras e íntegras, sem falta de nada. Atravessar tempos difíceis exige de nós a descoberta e o desenvolvimento de recursos interiores. As tribulações nos tiram todos os pontos externos de apoio: nos sentimos solitários, incompreendidos e injustiçados; perdemos posição, status e privilégios, além de dinheiro e conforto; e descobrimos que as bases onde escorávamos nossa identidade e as fontes de onde tirávamos forças para viver eram falsas ou insuficientes. Nesse momento, olhamos para dentro e para o alto. E descobrimos uma fé mais amadurecida, que nos aproxima mais de Deus, e recebemos a coragem de continuar vivendo. Estranhamente, vamos percebendo que precisávamos de bem menos do que imaginávamos para a nossa felicidade, até que surpresos, nos deparamos com a sensação de que muito embora o mundo lá fora esteja em convulsão, o mundo de dentro do coração, está em paz e serenidade. Quando chegamos nesse ponto de integridade (integralidade) é que passamos a desfrutar dos poucos recursos, dos amigos raros e das pequenas alegrias do dia-a-dia como suficientes para a felicidade. Aí sim, somos homens e mulheres de verdade. Construídos na forja das tribulações. Livres das ilusões. Prontos para viver, dar e construir.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Rant is the drain where it flows through the tears

Baruch was a contemporary of the Prophet Jeremiah. Was your scribe, spokesman and friend. It was he who wrote the first and the second edition of the book that records everything that God said to Jeremiah concerning Israel and other Nations, at the time before the destruction of Jerusalem by Babylon, 600 years before Christ. Jeremiah dictated and Baruch wrote. Was Baruch who also read the book aloud, twice, first for the people gathered in the temple, and then to a select group of leaders in place more reserved. After Prime's opportunity to write and make known the contents of the book, Baruch had a very strong depressive crisis and fumed: "Woe to me! The Lord added grief to my suffering. I'm exhausted so much moaning, and can not find rest "(Jr 45.3).

It is not difficult to understand the emotional issue of Baruch. He had very shocking experiences in his Ministry next to Jeremiah. Both expected, as a result of reading the book, which the King and the people converted their misconduct and then receive the forgiveness of the Lord. It happened the other way around: when the book was read for the third time, now in the presence of King Jeoaquim, in his Winter Palace, "every time Thursday finished reading three or four columns, the King cut with a knife one piece roller and played on fire ... until the whole roller turned the ashes" (Jr 36.23-24, NLT).

Moreover, Baruch cried because it was life-threatening, because it was inside of the iniquities committed by people, because they had knowledge of the judgment of God about to shoot down on the people and because he was within reach of the misfortunes which would succeed, despite not participating in the widespread corruption.

Baruch was not the only one complaining of exhaustion. Some of his contemporaries were the same: "we are exhausted and we have no way of rest" (Lm 5.5). Emotional exhaustion hurts more than the physical exhaustion, and spiritual exhaustion hurts even more. Baruch acted as the other acted: poured out his soul before the Lord. The sincere outburst is the drain where it flows through the tears.

The consolation of God is strange, but it works. The cure that it operates is not superficial. God not only offers the handkerchief to wipe away the tears, the sufferer but also teaches the person to deal with life's problems. Baruch wanted to be an exception. How many believers today, under the claim that they are "children of the King," the scribe wanted to go to a VIP room, wanted a sort of safe conduct, hiding inside a dome where it could protect the famous triad (war, famine and plague) that was plaguing the nation and find food and water and for a long time. However, God asked him: "did you are wanting to be treated differently?" (Jr 45.5, NLT).

The magic of God is not always remove the thorn in the flesh when we want, but become more abundant and more enough of his bounty (2 Co 10-12.7). At that historic moment, it was necessary to "boot, smash, ruin and destroy" the sinful nation (Jr 1.10). Later, however, after the humiliation and the cervix break hard, God would be willing to revert the picture, rebuild what had knocked down and replant the that had been yanked (31.4, 28, Jr 40). Baruch would not have a dome to protect themselves, but God would escape with his life wherever he was, amid the threats and the misfortunes of war, famine and plague (Jr 45.5).

When that which is perfect ...

... do not remain in the "Valley of tears";
... the Lamb will return;
... There will be no more injustice, sin, death, suffering, bad memories, unknowns, environmental pollution, unemployment.

It is true that what we know about the future are just signs of what will come. But they are reliable signs, because "no eye has seen, no ear has heard, no mind imagined what God has prepared for those who love him"

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Livre Arbítrio


Na em 1996, a televisão levou ao ar uma reportagem sobre o uso de crack pelos adolescentes (e o assunto, hoje, virou epidemia).
Ao ver, na reportagem, o sofrimento dos pais e a luta ingente do drogado, lutando para se livrar das garras tirânicas da dependência, me ocorreu a seguinte parábola sobre esta questão da soberania divina e da liberdade humana. Ei-la.
Certo dia, um pai descobre que seu filho é um drogado, dependente de crack. Faz de tudo para ajudar o rapaz, mas este, ainda que lute para se desvencilhar, não tem mais forças para largá-la, e tenta se matar, inclusive para se livrar do complexo de culpa, pelo desgosto causado aos pais. O pai o acha a tempo (estava meio de olho), socorre-o e o salva.
Alguns dias depois, em conversa com o filho já convalesceste, propõe-lhe uma solução extrema. O pai tem uma idéia para devolver ao filho a força (o livre-arbítrio) para sair daquela situação. Propõe ao filho e este aceita.
Pegam um carro e vão, somente os dois, para um sítio isolado. Longe de tudo e de todos. Ali, tentarão lutar contra a droga, cortando lenha, subindo corredeiras, trabalhando pesado até caírem mortos de cansaço. O pai está atento e determinado a aguentar mais que o fragilizado rapaz.
No segundo dia, o jovem começa a mudar: a mostrar-se indócil, agitado, impaciente, nervoso, irado, truculento, violento. Ele precisa daquela droga. Seu organismo exige (seu “senhor” o está chamando de volta). O pai vai contemporizando, conversando, distraindo, sabendo que precisa ganhar tempo. Precisa, pelo menos, de uma semana (este é o tempo que os médicos estabelecem para a desintoxicação química do organismo).
No terceiro dia, o filho tenta fugir de noite, mas o pai, que a estas alturas está dormindo com um olho só, o intercepta. O garoto está transtornado. O pai o agarra. Este, cego por dores internas fortíssimas, agride o pai com fúria, e tenta correr. O pai se levanta e o alcança. Está determinado a ajudar o filho. Uma semana, é a meta. Faltam 4 dias ainda. Agarra o garoto, que tenta agredi-lo novamente. Mas desta vez o pai é quem o soca violentamente. O garoto cai desacordado.
O pai o leva de volta para a casa e o amarra na cama. Quando o rapaz acorda, começa a gritar, gemer, xingar, blasfemar, contorcer-se, desafiar o pai, dizer os piores desaforos. O pai tenta abraçá-lo, mas é recebido com cusparadas e palavrões. Uma noite de cão.
A estas alturas, imagino um calvinista dizendo: “aqui, o pai retirou o livre-arbítrio do menino”. E eu responderia: “que livre-arbítrio?”
Amarrado, o rapaz fica ali por mais quatro dias. Reclama de dores nas costas, de mau-jeito, de dores nas mãos, nos tornozelos, por causa das cordas. O pai, algumas vezes, tentou afrouxá-las, para aliviar o desconforto, para levá-lo ao banheiro, etc., mas ele tentou escapar. Foi preciso lutar, agarrar, bater de novo.
Bem, não vou me alongar nos detalhes deste transe medonho. O fato é que a semana se passa, e, ao raiar do oitavo dia, o garoto já não está mais suando, nem com cólicas, nem trêmulo, nem com dores na barriga. Passou. A dependência química está cedendo.
Nesse dia, logo pela manhã, o rapaz acorda com um cheiro de café coado na hora, broas de milho, pão, manteiga e outras guloseimas. Uma mesa posta. Ele estava quase de jejum, e se mostra faminto.
Então o pai o surpreende: chega na sua cama com um sorriso e desata-lhe as cordas. Solta-o e convida-o para o café. Ele toma um banho quente e se assenta à mesa. Está mais animado, e chega a balbuciar algumas palavras monossilábicas, em resposta às tentativas de conversa do pai. Está despertando de um pesadelo.
No meio do café, num gesto brusco, levanta-se e corre para a porta. Num segundo, já está lá na porteira. Mas estranha que seu pai não esteja ao seu encalço. Olha para trás e constata que ele ficou parado, na porta da casa. Desconcertado e curioso, ele para e arrisca uma olhada, como que a perguntar: você não vai me prender?
O pai, entendendo a perplexidade do filho, grita de lá: “filho, Hoje você é um rapaz livre. Das drogas e de mim. Você volta para elas se quiser; volta para mim se quiser. Filho, não quer terminar o café?”

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Políticos Evangélicos e Violência Social



Texto do pastor Derval Dasilio retirado da revista Ultimato por sua atualidade.

Um colega duvidava da presença honesta de evangélicos na política. Foi "sempre" assim? Não. Lisâneas Maciel permanece como referência a bons políticos evangélicos na ocasião da reforma constitucional, confundindo-se com grandes nomes nacionais. Até à formação dos "blocos evangélicos", depois da ditadura militar, não havia essa ideologia corporativa absurda. Por isso defendem Feliciano. Por serem "evangélicos", e representarem, dizem eles, um seguimento de 32% da população brasileira, que reclama privilégios e exceções constitucionais, além de se acharem no direito de pressionar a “nação permissiva” em nome da “religião”. Mas a adoção de leis autoritárias sobre criminalidade juvenil, orientação sexual, pedofilia, homoafetividade, entre outros aspectos, camuflam uma realidade ampla, extensa, que representa o ingresso sem volta da sociedade brasileira na “era do vazio”, como diria G. Lipovetsky. É tempo de “medo”, de violência e insegurança pública.

Nos nossos dias, trocou-se o cenário bucólico das cidades do interior por outro, dos espigões de concreto, estruturas metálicas, ruas e avenidas asfaltadas, câmeras para vigiar desde o cidadão honesto ao que pratica um assalto num banco ou num supermercado. A violência se dissolve na paisagem poluída, enquanto sobem as taxas de agressões físicas, reconhecendo-se que o culto à força cresce em nível exponencial. Até algumas décadas, a violência física era atribuída à embriaguez, e a mídia se alimentava atacando os botequins. Ali ocorriam “cenas de sangue”, dava até samba, como cantou Emílio Santiago, na canção de Paulo Vanzolini que ninguém esquece. 

Hoje, o crack, a cocaína, drogas populares, recebem a condenação, como parte da violência e como referência à quebra de normas sociais. Cidades como o Rio de Janeiro, que foi a capital da pátria até o fim da minha adolescência – e este autor experimentava o primeiro emprego em Brasília, sonho de Niemeyer –, sucumbem à violência. Tornam-se capitais da corrupção ou do crime organizado. A população tem medo. Dali, evangélicos pentecostais pretendem ditar sua “hegemonia moral” sobre o resto do país, e reavivar moralmente a nação. 

A repulsa pelas condutas violentas, por outro lado, além da “catarse”, encontra culpados ideais no sistema de governo, acompanha a disseminação dos valores da sociedade hedonista que não quer ser incomodada, imersa na intensa propaganda em favor do consumo supérfluo, turismo, música, shows, festivais, futebol, espetáculos que camuflam a realidade assustadora das desigualdades. Então, o que é chocante, impactante, é o enfoque invertido sobre os reais problemas das urbes. Vai repercutir nas urnas. As vítimas não servem ao autoritarismo ideológico moralista. A manipulação da psicologia subliminar sobre o medo, o repulsivo e nojento, ganha espaço: "criança abusada"; "adolescente ladrão e assassino", “rejeição ao homoafetivo”. Quem não se interessa por esses “slogans” falso-moralistas? 

Vai além da impotência da sociedade lidar com assuntos tão complexos. A pedofilia acompanha as sociedades humanas, como a prostituição infantil, desde tempos remotos, consentida nas práticas escravagistas e nos contratos matrimoniais e de concubinato, ao contrário do incesto. A criminalidade juvenil – fenômeno urbano, concordam antropólogos e sociólogos –, é consequência dos surtos de violência contínuos que refletem a desorganização e consequente desproteção que o jovem sofre, à margem do desenvolvimento econômico, especialmente nas periferias da cidade. Resultado da ganância darwiniana do todo social, que exclui o mais fraco. Esses políticos conhecem isso, experiência que vem dos púlpitos evangélicos, explorando o medo e as perplexidades do socialmente imponderável.

No Congresso, um deputado, pastor evangélico, foi presidente da Comissão do Narcotráfico – acusado, e até admitiria posteriormente ter recebido favores do crime organizado; envolvido na “operação sanguessuga” –, saiu para a eleição ao senado com “absoluta” aprovação do eleitorado evangélico. O outro assume a presidência da Comissão de Direitos Humanos, representando a bancada evangélica, com o mesmo propósito. Retornamos ao tempo em que a justiça civil não tomava conhecimento tanto da violência intrafamiliar quanto da sevícia, abuso sexual, trabalho forçado, e escravidão do adulto e da criança. Nesse espaço cabe a receita legalista secreta, sob medo subliminar, nojo e repulsa, para condimentar a questão. Têm em comum plataformas como o “combate à pedofilia”, enquanto misturam no prato básico, autoritário, questões da homoafetividade e a criminalidade juvenil.

O exemplo de que a redução da maioridade penal para 14 ou 16 anos – como defendem parlamentares evangélicos – combate o crime precoce, afasta da violência, das drogas, é desmentido pelos próprios fatos: adolescentes e jovens envolvidos com o crime são originários de famílias extremamente violentas, segundo analistas comportamentais. Definitivamente, os parlamentares ignoram os fatores que originam a violência na sociedade. A juventude, além de tudo, é carente de direitos fundamentais quanto à saúde, escola de qualidade, saneamento básico, habitação e trabalho condigno, que o Estatuto (ECA), como lei, não resolve por inteiro. Isso não rende votos. Políticos evangélicos propõem a revogação da Constituição, em sua propaganda eleitoral e nas comissões das quais participam. 

O jogo da democracia é duro, áspero como uma lixa aplicada às consciências libertárias... Tem jeito? Tem. E tudo começa no voto. Quem elege esses deputados, aparentemente, faz isso conscientemente. E o que esperam deles? Eis o nó que ninguém desata. É preciso protestar, sim. O aperfeiçoamento da democracia, no entanto, é demorado. Creio que eleições distritais de dois em dois anos, cartões eleitorais digitais, máquinas em lugares públicos ou privados, seria um avanço democrático. Políticos seriam julgados por um eleitorado geral. Prazos mais curtos para os mandatos parlamentares; mandatários sujeitos a confirmação periódica ou rejeição do eleitorado, ajudariam muito no processo eleitoral. O voto religioso teria de ser condenado e abolido. Ele é antidemocrático. A Constituição já faz a sua parte, não admitindo o mesmo. Mas esta sociedade quer isso?

Original: Ultimato Online

quarta-feira, 27 de março de 2013

Aniversário...

Texto publicado em 13 de março - comemoração do aniversário de um de meus irmãos - publicado em sua linha do tempo no Facebook.

Neste último domingo, tive a oportunidade de dar aula na Escola Dominical para a classe de crianças e no meio da aula resolvi cantar com elas uma música que eu aprendi quando criança. (Com a vassourinha eu vou varrer todas as tristezas do meu coração...)
Minha mente viajou no tempo... Galopando sobre o meu coração fui à vila simples onde vivi uma parte da minha infância na cidade de Caruaru - PE. Relembrei às vezes que fui a uma igrejinha, muito simples, mas que tinha um ambiente cativante e envolvente. Relembrei as primeiras canções infantis, as quais até hoje estão em minha mente. As primeiras histórias bíblicas contadas por fantoches produzidos de maneira muito simples, mas pra mim eles eram tão interessantes que eu não conseguia desviar a minha atenção e o melhor de tudo, no final dos encontros semanais ganhávamos doces e balas. Relembrei também que ao chegar em casa, ficava cantando as músicas com os meus irmãos menores, principalmente com o Luciano. Cantávamos e cantávamos diversas vezes as mesmas músicas, acho que foi essa repetição que me ajudou a guardar na memória todas as músicas por todo esse tempo.
Passaram se cerca de vinte e sete anos, a gente cresceu e quase já não cantamos mais juntos, às vezes tentamos o Luciano e eu, um dueto, mas sem muito sucesso. Rsrsrs. O melhor de tudo é que ficaram muitas lições gravadas em nossas vidas e apesar de todas as dificuldades que passamos Deus esteve sempre conosco. Nós não sabíamos, mas Ele estava lá, cuidando de nós e de todos os detalhes, guardando-nos e nos direcionando para um futuro melhor. Hoje, treze de março de 2012, o Luciano faz aniversário, trinta e dois anos de idade. O menino que passou por diversas situações em sua vida, cresceu, amadureceu e se tornou um homem e está a um passo de se tornar “doutor”. Que história em Lú você terá pra contar para os seus filhos, hien?
Assim como Deus cuidou de nós, supriu nossas necessidades no passado não muito distante, gostaria de dizer pra você neste dia tão importante pra você que Deus estará cuidando também do seu futuro.

Para mim o viver é...


Reproduzo na íntegra um texto de Ricardo Barbosa, por considerar muito enriquecedor. Além de saber que a história de Viktor Frankl é de fato surpreendente e encorajadora para os momentos mais difíceis. Vale a pena ler...

O psiquiatra austríaco Viktor Frankl (1905–1997), judeu, escreveu um impressionante relato sobre o tempo que passou nos campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. Em setembro de 1942, ele e sua família (sua mulher estava grávida) foram levados para diferentes campos de concentração. Sua maior preocupação naqueles anos de sofrimento, sem ter notícias de sua família e sem saber se sairia vivo, foi encontrar algum sentido para a vida num ambiente dominado pela mais absoluta desolação. Foi diante desta experiência que ele disse: “Quem tem um porquê enfrenta qualquer como”.
Os temas mais importantes da vida só são considerados e refletidos com profundidade quando, por alguma razão, nos vemos privados deles. Somente quando sofremos algum tipo de perda é que reconhecemos o valor do que nos foi tirado. Assim é com a liberdade, a amizade, a fé, a esperança, a justiça.
Numa cultura tecnológica e pragmática, nos preocupamos mais com o “como” e menos com o “porquê”. Nós nos preocupamos mais com o gozar a vida e menos com seu sentido. A não preocupação com o porquê nos torna mais impulsivos e menos reflexivos. Mais vulgares e menos humanos.
Uma declaração do apóstolo Paulo que me impressiona -- e que tem me ajudado a refletir sobre o sentido da vida -- é o que ele diz aos cristãos de Filipos: “Para mim o viver é Cristo”. Quando penso que ele fez essa declaração de dentro de uma prisão, aguardando julgamento e com um futuro incerto, ela ganha um peso e significado enormes. É o porquê dando sentido ao como. Se tomarmos apenas a primeira parte da frase: “Para mim o viver é…”, como seria formulado o final?
Imagino que muitos diriam: “Para mim o viver é minha família”. Um bom sentido para a vida. Muitos reconhecem na família sua maior riqueza. Vivem para atender e suprir as necessidades daqueles que amam. Ter na família um porquê para viver pode ser um bom princípio. Outros talvez diriam: “Para mim o viver é o meu trabalho, a minha carreira”. Muitos encontram no trabalho um sentido para a vida. Vestem a camisa da empresa, sacrificam a saúde, o casamento e a família, sonham com promoções, bônus, viagens, prêmios, reconhecimento. Realizam-se na profissão. Outros diriam: “Para mim o viver é viajar, curtir a vida”. E por aí vai. Todos buscam, com maior ou menor profundidade, um sentido para viver.
Paulo escolheu Cristo como razão última de sua existência. Poderia ter escolhido carreira ou mesmo a família, mas reconheceu que, embora estas sejam realidades importantes na vida, não são suficientes para sustentar o sentido maior da existência humana. Mesmo estando preso e privado do trabalho e do convívio com as pessoas que amava, ele se alegrava com a possibilidade de pregar o evangelho de Cristo para os membros da guarda pretoriana. Cristo dava sentido não só à sua vida, mas também à sua morte.
Viktor Frankl descreve em seus relatos do campo de concentração que, além de sua fé em Deus, ele procurava manter viva a lembrança de sua esposa, com quem conversava em sua imaginação durante as longas marchas no inverno rigoroso. Ele dizia que o desejo de reencontrá-la dava-lhe ânimo. Quando terminou a guerra ele descobriu que sua querida esposa havia morrido de esgotamento -- além dela, perdeu seus pais e irmão.
Mesmo que a família e o trabalho sejam valores nobres e que nos enchem de significado, sabemos que podemos perdê-los, e o vazio que se segue é insuportável. “Para mim o viver é Cristo” transcende as realidades deste mundo e nos envolve num cenário que nos enche de sentido tanto na vida como na morte. Quando depositamos nossa confiança e esperança em Cristo, podemos afirmar, como Paulo: “Por esta razão sofro também estas coisas, mas não me envergonho; porque eu sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu tesouro até aquele dia” (2Tm 1.12).
Nas palavras de Viktor Frankl, “pode-se tirar tudo de um homem, exceto uma coisa: a última das liberdades humanas -- escolher a própria atitude em qualquer circunstância, escolher o próprio caminho”.
Ricardo Barbosa de Sousa

terça-feira, 26 de março de 2013

Vida Eterna

E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.  João 17:3


A medida que vou ficando mais velho (maturidade), menos tenho interesse pelo pós vida. Ficar preocupado com o amanhã, com o próximo ano, com a próxima década e também com a próxima vida, parece em certo ponto uma falsa preocupação. Pensar como tudo será para mim depois de morrer está mais para uma distração. Bom... se a minha meta é a vida eterna, então essa vida deve ser atingível já agora, onde eu estou, porque a vida eterna é a vida Em e Com Deus, e Deus está onde eu estou, aqui e agora. O grande mistério da vida espiritual - *a vida em Deus - é que não temos de esperar por ela como algo que acontecerá depois. Jesus disse: "Estai em mim como eu estou em vós". É este divino "estar em" que é a vida eterna. É a presença ativa de Deus no cento do meu viver - o movimento do Espírito de Deus dentro de nós - que nos dá a vida eterna.

*Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; 
Atos 17:28




sábado, 23 de março de 2013

Como é ser pai?

Recentemente estava indo trabalhar e reencontrei um amigo que não via há tempos. Estávamos no metrô e fomos conversando sobre diversos assuntos e muitas histórias do passado. Entre uma conversa e outra ele me disse que ele e sua esposa estavam planejando ter um filho, só que ainda não tinham certeza se era o que realmente queriam. Daí me perguntou como era a experiência de ser pai.
Bom... aí a conversa tomou outro rumo. Em milésimos de segundo fui absorvido por uma sensação diferente, afinal, falar da paternidade e das minhas duas "garotinhas" não era tão simples. Fiquei pensando no que dizer ao meu amigo e procurando palavras para lhe responder. Queria que ele soubesse que nada do que ele já ouviu ou aprendeu sobre filhos lhe seria suficiente, pois a paternidade lhe causaria uma "ferida" emocional tão exposta que ele ficaria vulnerável pra sempre. Pensei na possibilidade de avisá-lo que jamais lerá um jornal novamente sem se perguntar: "E se fosse meu filho?". Que todo desastre, incêndio ou todo tipo de acidente irão assombrá-lo. Que sempre que ver fotos de crianças famintas ou sofrendo, ele imaginará se há algo pior do que ver o próprio filho (a) morrer.
Achei que deveria avisá-lo que ele deveria usar cada gota de disciplina para manter a casa funcionando, só para garantir que seu filho ficasse bem. Gostaria que ele soubesse que jamais as suas decisões serão rotineiras. Que, para uma garotinha de 4 anos, a vontade de ir ao banheiro feminino num shopping passará a ser uma grande dificuldade quando se está a sós com ela.
Gostaria de advertir ao meu amigo para que ele entendesse que amará muito mais a sua esposa por conta do cuidado que ela terá com seu filhote. Acho que ele se apaixonará pela esposa novamente, mas por motivos que agora não acharia romântico. Queria descrever para o meu amigo a alegria de ver a criança aprender andar, a chutar uma bola, a chamá-lo de "PAPA". Queria apresentar-lhe a risada gostosa de um bebê, do abraço que ele receberá ao chegar em casa depois de um longo e estressante dia de trabalho. Eu queria que ele experimentasse essa alegria, que de tão autêntica, chega a doer...
O olhar inquiridor do meu amigo me fez perceber que meu olhos estavam banhados em lágrimas.
Você jamais se arrependerá disso - Disse-lhe finalmente.

Para o heroísmo nascemos


Quando eu era criança vivia sonhando que podia voar. Queria ter super poderes. Escalar paredes dos prédios como o homem aranha. Queria voar como o Superman. Me esconder numa Batcaverna. Ter o escudo do Capitão América. Queria ter um Super Máquina. Queria ter uma moto do Ships. Queria ser um super herói.
Dai fui crescendo e minha concepção de herói foi mudando. Já não queria mostrar nenhuma associação com as personagens acima. Queria mostrar meu heroísmo através da minha rebeldia. Meus referenciais mudaram e mesmo ainda muito jovem (um menino) os meus heróis passaram ser os anti-heróis da sociedade.
Mas na minha rebeldia e falta de conhecimento, cerca de vinte e três anos atrás eu ouvi uma mensagem que balançou e mexeu com as minhas concepções. Uma mensagem que rasgava meu interior e que eu não conseguia sequer fitar o pregador, era Jesus, dizendo: "Se você quiser Eu posso te fazer um herói". Sem exitar, aceitei e comecei a buscar este heroísmo de uma maneira muito extrema. Passei então por outras fases... Queria ser um pregador famoso, daqueles que pregam para multidões. Queria ser um cantor. Queria ser músico e tocar numa filarmônica.
Mas Jesus me mostrou algo diferente disso. Com o Evangelho surgiram novos referenciais de conduta. Homens e mulheres cujos encontros e caminhadas de vida com Deus os tornam especiais. Pessoas comuns com as quais convivemos ou temos convivido em nossas comunidades, cuja paixão por gente nos constrange (às vezes até incomoda). Pessoas que se candidatam a um campo missionário que não significa necessariamente uma terra distante, podendo ser, por exemplo, o campo dos descamisados urbanos, dos párias ou até mesmo dos marginalizados no seio da própria igreja.
Esses homens e mulheres que por tantas vezes sentam-se ao nosso lado nas celebrações dominicais são nossos heróis contemporâneos, muito embora ignoremos essa possível menção honrosa e pública ou até mesmo suas presenças.
Contudo lá estão eles,  pra nos dizer, na maioria das vezes sem palavras, que a vocação para atos heroicos não é privilégio de alguns. É chamado de todos. Afinal, viver o amor até as últimas consequências, praticar a compaixão e a misericórdia, não deixa de ser uma postura heroica. Talvez anônima e quase imperceptível mas com certeza cativante e encantadora.

Você jamais se arrependerá disso...



Texto enviado ao blog de Ponte Rasa ll em comemoração ao Dia dos Pais


Recentemente estava indo trabalhar e reencontrei um amigo que não via há tempos. Estávamos no metrô e fomos conversando sobre muitos assuntos e muitas histórias do passado. Entre a conversa  me disse que ele e sua esposa estavam planejando ter um filho, só que não tinha certeza se era aquilo que realmente queria. Daí ele me perguntou como era a experiência de ser pai.
Bom... aí a conversa tomou outro rumo. Em milésimos de segundo fui absorvido por uma sensação diferente, afinal falar da paternidade e das minhas duas garotinhas não é tão simples.

Primeiras Coisas...

Olá, a ideia desse blog é responder quatro questões relacionadas a minha jornada de vida.
Dizem que é possível conhecer muito bem uma pessoa lendo o que ela escreve se prestarmos atenção nas entrelinhas, nos sentimentos embutido nos textos e nas histórias relatadas.
É com base nessa teoria que eu comecei escrever este blog.

Vou tentar separar os textos em quatro questionamentos:
Crescimento - Convivência - Construção - Transcendência

  1. Crescimento: Que tipo de gente eu me tornei?
  2. Convivência: Onde estão as pessoas que eu amo e que me amam?
  3. Construção: Qual foi e qual é minha contribuição para o bem das pessoas?
  4. Transcendência: Onde está Deus?
No começo estava preocupado somente em encontrar respostas para a pergunta 4, mas não dá pra viver somente o Transcendente sem o Imanente. Não dá pra gravitar o tempo todo na espiritualidade sem crescer como pessoa, sem conviver com gente e sem construir algo de bom.

Busco justificação para minha simplória existência, mas também e enquanto isso, vou crescendo, convivendo, construindo e tentando transcender. E por isso vou deixar por aqui também alguns dos trabalhos que tenho desenvolvido, histórias de amigos e familiares, teologia e muito blá, blá, blá...

Você poderá ler vários textos dentro dessas categorias e poderá também deixar seus comentários ou entrar em contato através da página de contato. Fique a vontade para comentar e deixar suas impressões.


sexta-feira, 22 de março de 2013

Oração!



Jesus, ao ensinar os discípulos a orar, os ensinou a pedir a vontade do Pai (Mt 6.10). O Espírito Santo, porque não sabemos orar como convém, intercede por nós falando o que Pai quer ouvir (Rm 8.27). E Deus só faz o que quer, porque quer sempre o melhor (Rm 12.2).
Talvez, diante dessa realidade, sejamos tentados a pensar: falar com quem só faz o que quer deixa pouco espaço para quem com ele fala. E então, embora essa seja a melhor maneira de compreender a profundidade da oração, parece que, para nós, só resta a frase atribuída a C.S. Lewis no filme Terra das Sombras: “Não oro para que Deus faça a minha vontade, mas para que eu seja adequado à vontade dele”.
Oração, portanto, é falar com quem quer sempre o melhor, e, por isso, só faz o que quer. E tem de ser assim, porque nós, seres humanos, a partir de nós, não sabemos o que devemos querer. Sem dúvida, não temos condição de saber o que é melhor, uma vez que nada sabemos do futuro, não interpretamos bem o passado, e, geralmente, somos atropelados pelo presente.
É possível, portanto, concluir que não vale a pena orar, ou que orar não faz sentido, se orar for entendido como levar um pedido, uma dor ou uma angústia ao Todo-Poderoso? Ou que orar só faz sentido se for para louvar, ou para abrir o coração como catarse, ou para confirmar a submissão à vontade do Pai?
Porém, antes de qualquer conclusão, consideremos: na cena apocalíptica, as orações dos servos do Cristo estão em taças de ouro e são postas pelos anciãos diante do Cordeiro vencedor (Ap 5.8). Há quem interprete que todo o desenrolar do Apocalipse é a resposta divina a essas orações. E os anciãos, no seu cântico, dizem que nós, os que cremos, somos sacerdotes que reinam na terra (Ap 5.10). E como sacerdotes reinariam, senão, por meio da oração?
Vejamos: 
1- Abraão teve atendida uma oração que não conseguiu verbalizar. Porque Abraão, orando por Sodoma, pediu que Deus poupasse a cidade se lá encontrasse 10 justos, mas os anjos enviados por Deus para executar o juízo não encontraram tal contingente (Gn 18.16-33). Abraão, ao orar, lembrava-se de Ló. Deus salvou Ló por se lembrar de Abraão (Gn 19.29).
2- Moisés ordenou que o povo de Israel lutasse com os amalequitas porque haviam atacado a Israel. Moisés subiu à montanha para interceder por seu povo. Arão e Hur perceberam que era pela oração de Moisés que a batalha era vencida e sustentaram as suas mãos até Amaleque ser desbaratada (Ex 17.8-13).
3- Josué orou e Deus deteve o movimento do universo (Js 10.6-15). E que beleza a frase que sintetiza esse momento: "Não houve dia semelhante a este, nem antes nem depois dele, tendo o Senhor, assim, atendido à voz de um homem; porque o Senhor pelejava por Israel” (Js 10.14).
4- Ana, movida pela aflição e pelo excesso de ansiedade, orou por um filho. Eli, o Sumo Sacerdote, primeiro a julgou embriagada, mas quando a compreendeu, a abençoou. E Deus lhe concedeu um filho, Samuel, porque lembrou-se dela (1Sm 1.10-20).
5- Um anjo lutou 21 dias contra a potestade da Pérsia para atender a oração de Daniel. Disse o anjo: “foram ouvidas as tuas palavras; e, por causa das tuas palavras, é que eu vim (Dn 10.10-14).
6- Jesus, a pedido, fez um milagre antes da hora para manter um estado de festa (Jo 2. 1-11).
7- Jesus atendeu a uma mulher antes do tempo. Ainda não era o tempo do Senhor ser manifesto aos gentios, mas atendeu ao clamor de uma senhora sírio-fenícia e destacou que o fazia por causa da palavra que ela proferiu (Mc 7.24-30).
8- Jesus incitou aos seus discípulos a orar para que Deus permitisse que o inevitável, a chegada do abominável da desolação, acontecesse em tempo onde mais gente pudesse se salvar (Mt 24.15-22).
9- Jesus disse que se um juiz iníquo pode vir a atender a um clamor, quanto mais Deus que é justo (Lc 18.1-8).
10- Paulo orou contra o que havia visto e admoestado (At 27.21-24). Deus, por sua graça, salvou a todos que estavam em estado de morte certa, por tê-los dado ao seu servo, em resposta à sua oração.
Estes são alguns dos muitos exemplos que poderíamos citar!
Por princípio e definição todo desejo de orar é ímpeto para Deus, uma vez que nós, a partir da queda, não buscamos a Deus (Rm 3.11). Logo, qualquer oração, qualquer busca pelo transcendente é fruto da graça mantenedora da Trindade, que, por esta graça, pôs a eternidade no coração do homem, para que possamos alcançar algo da transcendência que é revelada pelas coisas criadas (Ec 3.11; Rm 1.19,20).
Claro, isso não garante que estamos orando da forma certa e nem para a pessoa certa, ou seja, não há garantia de que se esteja orando para a Trindade. Até porque a humanidade perverteu esse ímpeto por meio da idolatria, o que nos torna indesculpáveis (Rm 1.21-23). 
No entanto, os que creram no Cristo, no qual a presença da eternidade no coração pela graciosa salvação encontrou plenamente a sua vocação, sabem que tal querer pela transcendência, assim como a possibilidade de experimentá-la, é resultado de operação divina em si, que em nós opera tanto o querer como o efetuar (Fp 2.13). E orar, que é demanda divina para nós (1Ts 5.17), é parte dos quereres que a Trindade opera e efetua em nós.
Deus só faz o que quer. E tem de ser assim, porque o melhor é sempre o que Deus quer. Mas vale a pena orar, não só para o diálogo necessário à vida devocional de submissão ao Pai (Mt 6.9-13), ou para pedir a sabedoria para o viver (Tg 1.5), ou para a intercessão necessária, diante da batalha espiritual (EF 6.18). Mas, também vale a pena orar a oração da ƒé (Tg 5.15), pois a oração do justo é eficaz e muito pode (Tg 5.16). 
Vale a pena orar, por ser a forma como Deus escolheu atuar na história: Deus nada faz sem revelar a seus servos (Am 3.7), e o faz para suscitar intercessão, como o fez com Abraão (Gn 18.16-18).  Foi como o apóstolo Paulo entendeu que deveria agir, a partir do discernimento que recebeu (At 27.21-24). Vale a pena orar diante de qualquer situação, porque o querer de Deus é mais extenso, abrangente e inclusivo do que qualquer ser humano é capaz de imaginar!

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Ariovaldo Ramos é escritor, articulista e conferencista sobre a missão da igreja. Foi presidente da AEVB (Associação Evangélica Brasileira), missionário da SEPAL e presidente da Visão Mundial no Brasil. Atualmente é um dos presbíteros da Comunidade Cristã Reformada, em São Paulo (SP).